Como é sabido, a função da ratoeira é imobilizar o rato. Geralmente este equipamento é formado de alguns componentes básicos, tais como: uma tábua lisa de madeira que serve como plataforma; um martelo (precursor) de metal, cuja função é destruir o rato; uma mola com extremidades alongadas que faz pressão contra a tábua e o martelo quando a ratoeira é armada; uma trava sensível, que dispara quando nela é aplicada leve pressão; uma barra de metal ligada à trava e que prende o martelo quando a ratoeira é armada. Existem outros modelos.
Ao explicar o mecanismo de Complexidade Irredutível, o cientista Michael Behe se utiliza da ratoeira como um exemplo simples mas muito pertinente de explicação. Conclui ele que, se não houvesse a base de madeira, tampouco haveria uma plataforma para nela prender os outros componentes. Se faltasse o martelo, o rato poderia dançar a noite inteira sobre a plataforma sem ficar preso à base de madeira. Se não houvesse mola, o martelo e a plataforma estariam frouxamente ligados e o roedor continuaria feliz da vida. Se não houvesse trava ou barra de metal, então a mola dispararia o martelo logo que a soltássemos e, para pegar o rato, teríamos que correr atrás dele, com a ratoeira aberta na mão.
Transpondo este exemplo para os sistemas biológicos, e tomando como modelo o flagelo bacteriano, Behe demonstra que essa maquinaria intrincada, incluindo um rotor (o elemento que imprime a rotação), motor molecular, um estator (o elemento estacionário), juntas de vedação, buchas e um eixo-motor exige a interação coordenada de pelo menos quarenta proteínas complexas (que formam o núcleo irredutível do flagelo bacteriano) e que a ausência de qualquer uma delas resultaria na perda completa da função do motor. Ele argumenta que o mecanismo darwinista enfrenta graves obstáculos em tentar explicar esses sistemas irredutivelmente complexos.
Para Behe, a complexidade irredutível é um indicador seguro de design. Um sistema bioquímico irredutivelmente complexo que Behe considera é o flagelo bacteriano. O flagelo é um motor rotor movido por um fluxo de ácidos com uma cauda tipo chicote (ou filamento) que gira entre 20.000 a 100.000 vezes por minuto e cujo movimento rotatório permite que a bactéria navegue através de seu ambiente aquoso.
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Referências:
1 - Michael Behe: “A Caixa Preta de Darwin”. Jorge Zahar Editor. Rio de Janeiro, 1997.