Em resposta ao comentário de Mauro
Cafundó de Morais, em uma postagem anterior:
COMENTÁRIO:
"Como uma teoria de origem biológica
e de desenvolvimento, a afirmação central do DI é que somente causas
inteligentes explicam adequadamente as estruturas biológicas de informação
complexa e que essas causas são empiricamente detectáveis." Eu desconheço
algum modelo que possa detectar empiricamente essas causas. A relação de
causa-consequência para "estruturas biológicas de informação
complexa" necessita de vários (pois estamos observando complexidade)
modelos empíricos para ser estabelecida. E a afirmação central da DI é falsa
dentro da ciência empírica pois nenhum dos modelos empíricos propostos até
então consegue detectar a causa inteligente.
RESPOSTA:
Na verdade a proposta do Design Inteligente (TDI) não é exatamente detectar “a
causa inteligente” (entendendo tal “causa” como uma força, pessoa, entidade,
ser sobrenatural, etc.), mas detectar
objetos (organismos) que apontam para um design (desenho) planejado. Pegue-se,
por exemplo, os cílios. Sobre estes, indaga Behe: “Que componentes são necessários para que um cílio
funcione? O seu movimento certamente exige microtúbulos. De outra maneira, não
haveria filamentos para deslizar. Além disso, ele precisa de um motor, ou os
microtúbulos do cílio permaneceriam duros e imóveis. Ele também precisa de
conectores para empurrar os filamentos vizinhos, convertendo o movimento de
deslizamento em movimento de curvatura e impedindo que a estrutura desmorone.
Todas essas peças são necessárias para realizar uma única função: o movimento
ciliar. Do mesmo modo que uma ratoeira não funciona a menos que todas as suas
partes constituintes estejam presentes, o movimento ciliar simplesmente não
existe na ausência de microtúbulos, conectores e motores. Podemos, por
conseguinte, concluir que o cílio é de complexidade irredutível — uma enorme
chave-inglesa jogada em sua presumida evolução gradual darwiniana.”
COMENTÁRIO:
“A biologia moderna é uma ciência de informação. A TDI apropriadamente
formulada é uma teoria de informação. Dentro dessa teoria, a informação se
torna um indicador confiável de causação inteligente bem como um objeto
apropriado para investigação científica.” Deve-se deixar claro que teoria da informação
é diferente de ciência da informação. Dentro dessa teoria, a informação deve
ser quantificada, e a TDI não quantifica a informação deixada por uma 'causa
inteligente'.
RESPOSTA:
A TDI trabalha com informação funcional. Se a informação funcional de um dado sistema exceder
o princípio da significância, nesse caso uma agência de inteligência se faz necessária, uma vez que processos
naturais inconscientes não a podem produzir. Tome-se, por exemplo, a Complexidade Especificada
proposta por William Dembski, cuja essência é exatamente a informação,
incorporando elementos como:
probabilidade e padrões.
COMENTÁRIO:
A hipótese do DI não se sustenta no meio acadêmico e científico, pois
não propõe uma pergunta científica clara. O DI não se caracteriza com elementos
científicos; como filosofia, aparenta ser uma doutrina; e como reforma
educacional apenas no meio filosófico.
RESPOSTA:
Enézio de Almeida resume, a
seguir, as razões porque a TDI pode perfeitamente ser enquadrada como ciência
legítima.
Características
lógico-metodológicas da TDI
A TDI é uma teoria científica
que, assim como a teoria da evolução, investiga as causas de eventos
particulares ocorridas no passado remoto. Stephen Jay Gould nomeou estas
ciências como ciências históricas.
Ernst Mayr, considerado o
“Darwin do século XX”, também afirmou ser a biologia evolucionista uma ciência
histórica, sendo muito diferente das ciências exatas no seu quadro conceitual e
na sua metodologia. Sendo uma ciência histórica, ela lida com fenômenos únicos
como a extinção dos dinossauros, a origem dos seres humanos e das novidades
evolutivas, a explicação de tendências e taxas evolutivas e a explicação da
diversidade orgânica.
Mayr salientou que não há meio
de explicar esses fenômenos com leis (como nas ciências exatas), e que os
experimentos são geralmente inapropriados para responder as questões
evolutivas. Sem esta plataforma heurística dura e segura, Mayr disse que a
biologia histórica introduziu um notável e novo método heurístico: as
narrativas históricas. As chamadas ‘just-so stories’.
Segundo a definição de ciência
neo-positivista, demarcacionista reducionista de ciência de Leite, será que a
biologia evolucionista qualificaria como ciência? Pense bem antes de responder.
Uma ajuda: Leite afirmou que uma teoria somente é científica se tiver a
capacidade de produzir afirmações sobre fenômenos que possam ser corroboradas
ou negadas por fatos observáveis.
Como fazer isso com as
‘narrativas históricas’, se Mayr disse não haver leis evolutivas e nem como
realizar experimentos sobre a extinção dos dinossauros e a origem dos seres
humanos? Não temos como corroborar nem negar por fatos observáveis. Segundo a
definição restrita de ciência de Leite, a biologia evolutiva não seria ciência.
A maior ideia que a humanidade já teve não é uma ideia científica? Pereça tal
pensamento!
3. As razões por que a TDI é
uma teoria científica
Entre as diversas razões pelas
quais a TDI é uma teoria científica, destacamos seis:
3.1 O caso da TDI é baseado em
evidências empíricas
Ao contrário do afirmado pelos
críticos, os teóricos da TDI elaboraram argumentos empíricos específicos para
apoiá-la.
A. A descoberta da informação
digital na célula.
B. Complexidade irredutível em
máquinas e circuitos moleculares.
C. O padrão de surgimento dos
principais grupos de organismos no registro fóssil (necessidade de grandes
quantidades de informação genética).
D. O ajuste fino das leis e
constantes da Física.
E. O ajuste fino de nosso
ambiente terrestre.
F. O sistema de processamento
de informação da célula.
3.2 Os proponentes da TDI usam
métodos científicos estabelecidos
São dois os métodos sistemáticos
de raciocínio científico que estabelecem os critérios para se determinar o
design inteligente:
3.2.1 O método de múltiplas
hipóteses competidoras
É o método utilizado para se
determinar a melhor inferência que explique quando a evidência observada apóia
uma hipótese.
A inferência de design
inteligente é a melhor explicação para a origem da informação biológica. As
atuais teorias da origem e evolução da vida não explicam esta origem.
3.2.2 O filtro explanatório de
Dembski.
No livro The Design Inference, Dembski estabelece os critérios pelos quais
sistemas com características de design inteligente podem ser identificados:
tipos de padrões e assinaturas de probabilidades exibidas.
Baseado nesses critérios,
Dembski desenvolveu um procedimento de avaliação comparativa: o filtro
explanatório. O filtro explanatório guia a análise e o raciocínio sobre os
objetos e artefatos naturais e ajuda os pesquisadores decidir entre três tipos
de explicação: acaso, necessidade e design.
3.3 A TDI é uma teoria
científica testável
Muitos cientistas e filósofos
de ciência pensam que a capacidade de se sujeitar teorias a testes empíricos é
um aspecto importante de qualquer método científico de pesquisa.
Ao contrário do afirmado pelos
críticos, a TDI é testável em diversas maneiras interrelacionadas:
Como outras teorias
científicas que explicam eventos do passado remoto, a TDI é testável
comparando-se a sua capacidade explanatória com aquelas de teorias
competidoras. Ex.: A TDI explica melhor a origem da informação biológica do que
as atuais teorias da origem e evolução da vida.
A TDI é testada contra o nosso
conhecimento da estrutura de causa e efeito do mundo. A experiência nos ensina
que a única causa conhecida de informação especificada e digitalmente
codificada é um agente inteligente.
A TDI foi submetida aqui a
dois testes: da existência causal e da existência da causa.
Embora teorias científicas
históricas tipicamente não façam predições que possam ser testadas em condições
controladas de laboratórios, algumas vezes elas geram predições discriminadoras
sobre o que alguém deve encontrar no mundo natural.
A TDI gerou um número dessas
predições empíricas discriminadoras.
A. O tão chamado DNA lixo (o
DNA que não codifica proteínas encontrado nos genomas de organismo unicelulares
e plantas e animais multicelulares). A TDI prediz que a maioria das sequências
não codificantes no genoma deve realizar alguma função biológica, mesmo que não
dirija a síntese da proteína.
Em 1998, Dembski predisse que
“em uma visão evolutiva, nós esperamos bastante DNA inútil. Se, por outro lado,
os organismos exibem design, nós esperamos que o DNA, o tanto quanto possível,
exiba função.”
A descoberta recente de que o
DNA que não codifica proteínas realiza uma diversidade de funções biológicas
importantes confirmou esta predição da TDI.
Algumas funções do DNA lixo:
1. Regula a replicação do DNA.
2. Regula a transcrição.
3. Marca os locais para
reorganização programada de material genético.
4. Influencia o próprio
dobramento e manutenção dos cromossomos.
5. Controla as interações dos
cromossomos com a membrana nuclear (e matriz).
6. Controla, edita e encaixa o
processamento do RNA.
7. Modula a tradução.
8. Regula o desenvolvimento
embriológico.
9. Conserta o DNA.
10. Ajuda na imunodefesa ou
combate de doenças.
Resumindo, as regiões não
codificantes de proteínas do genoma funcionam bastante semelhantes como um
sistema operacional de computador dirige o uso da informação contida em vários
programas armazenados no computador.
3.4 O caso da TDI exemplifica
o raciocínio histórico-científico
As ciências históricas (como a
teoria da evolução de Darwin e a TDI) tentam reconstruir o passado e explicar a
evidência presente referindo-se a causas passadas em vez de tentar classificar
ou explicar as leis e propriedades inalteráveis da natureza.
Geralmente, elas se
diferenciam pela referência de quatro critérios:
A. Um objetivo histórico
distinto
As ciências históricas
focalizam nas questões do tipo “O que aconteceu?” ou “O que causou o surgimento
deste evento ou característica natural?” em vez de questões do tipo “Como a
natureza geralmente opera ou funciona?” ou “O que causa a ocorrência deste
fenômeno geral?”
A TDI tenta responder sobre o
que causou o surgimento de certas características no mundo natural como, p.
ex., a informação especificada digitalmente codificada presente na célula.
B. Uma forma de influência
distinta
As ciências históricas usam
inferências com uma forma lógica distinta.
Diferentemente das ciências
não históricas (tipicamente inferem generalizações ou leis de fatos
particulares (indução), as ciências históricas empregam a lógica abdutiva para
inferir um evento passado de um fato ou pista presente.
Essas inferências também são
chamadas de retroditivas. Stephen Jay Gould afirmou que o cientista histórico
infere “a história a partir de seus resultados”.
A TDI infere uma causa passada
inobservável (a ação ou agência criativa de uma mente) a partir de fatos ou
pistas presentes no mundo natural: a informação complexa especificada do DNA, a
complexidade irredutível de certos sistemas biológicos e o ajuste fino das leis
e constantes da física.
C. Um tipo de explicações
distinto
As ciências históricas
oferecem explicações causais de eventos particulares e não descrições tipo leis
ou teorias explicando porque certos tipos de fenômenos geralmente ocorrem. Nas
explicações históricas, os eventos causais passados, e não as leis ou
propriedades físicas gerais, é que realizam o trabalho de explicação.
A TDI oferece esta forma
histórica distinta de explicação: invocamos a ação de um agente e concebemos
aquele ato como um evento causal, mesmo que mental em vez de entidades
puramente físicas.
Nós postulamos um evento
passado causal (ou sequência de eventos) para explicar a origem da evidência ou
pistas presente do mesmo modo que fazem as teorias de evolução química.
D. O uso do método de
múltiplas hipóteses competidoras
Os cientistas históricos
geralmente não testam as hipóteses conferindo a exatidão das predições que eles
fazem sob condições controladas de laboratório. Antes, eles usam o método de
múltiplas hipóteses competidoras para testar as hipóteses, comparando seu poder
explanatório contra os de suas competidoras.
Resumindo, a TDI procura
responder questões caracteristicamente históricas apoiando-se em inferências
abdutivas/retroditivas, postulando eventos causais passados como explicações da
evidência presente, e ela é testada indiretamente comparando-se seu poder
explanatório com aquele de teorias competidoras.
3.5 A TDI aborda uma questão
específica em biologia evolutiva
A TDI aborda a questão
principal que tem sido parte da biologia histórica e evolutiva: Como surgiu a
aparência de design nos sistemas vivos?
Tanto Darwin e biólogos
evolutivos como Francisco Ayala, Richard Dawkins e Richard Lewontin reconhecem
que os organismo biológicos parecem ter design intencional.
A aparência de design é
considerada ilusória porque os darwinistas estão convencidos de que o mecanismo
de seleção natural (e outros mecanismos evolutivos) agindo sobre variações
aleatórias é capaz de explicar a aparência de design nas coisas bióticas.
A aparência de design em
biologia é real ou ilusória? Há duas respostas possíveis para esta questão
científica:
1. A resposta do darwinismo
clássico: “A aparência de design na biologia não resulta de design verdadeiro.”
Esta resposta tem sido considerada uma proposição científica.
2. A resposta da TDI: “A
aparência de design na biologia resulta de design verdadeiro.”
A negação de uma proposição
não a torna um tipo diferente de afirmação: a afirmação proposta pela TDI de
que o design nas coisas bióticas é real, é uma resposta àquela proposição
científica.
Se a primeira é científica,
então a segunda também é.
3.6 A TDI é apoiada em
literatura com revisão por pares
Os críticos e oponentes da TDI
frequentemente afirmam que os seus teóricos e defensores nunca publicaram seus
trabalhos em publicações científicas com revisão por pares. Por esta razão, a
TDI não qualifica como teoria científica.
Vamos ouvir o outro lado?
Estas são algumas dessas publicações com revisão por pares dos teóricos e
proponentes da TDI:
1. Michael Behe, A Caixa Preta
de Darwin, Rio de Janeiro, Zahar, 1997.
2. William Dembski, The Design Inference,
Cambridge University Press, 1998.
3. Vide cinco artigos propondo a TDI no livro
Darwinism, Design and Public Education, Lansing, Michigan State University
Press, 2003. Stephen Meyer e John Angus Campbell, editores.
4. Vide quatro artigos
defendendo as teses da TDI no livro Debating Design: from Darwin to DNA.
Cambridge University Press, 2004. William Dembski e Michael Ruse, editores.
5. Vide lista das publicações
de artigo sobre a TDI com revisão por pares publicada pelo Discovery Institute.
Quantos artigos são
necessários para que uma idéia ou teoria seja considerada científica?
Um tribunal de justiça
determina agora o que é científico ou não?
Os artigos propondo novas
idéias ou teorias científicas geralmente são barrados pelo conselho editorial
de publicações científicas. Geralmente a razão apresentada é que a idéia ou
teoria nunca teve artigos científicos com revisão por pares publicados. Quando
são publicados, os editores sofrem sanções. Vide o caso do biólogo
evolucionista Richard Sternberg (dois doutorados em Biologia evolutiva) que
perdeu o cargo no Smithsonian Institute.
Mesmo quando artigos sobre a
TDI são publicados com revisão por pares, os críticos e oponentes dizem que a
idéia de design é inerentemente acientífica.
A verdade de uma teoria não é
determinada ou garantida pelo lugar ou procedimentos que se seguem à sua publicação.
Muitas teorias científicas
importantes foram desenvolvidas e publicadas sem revisão por pares.
Embora o sistema de revisão
por pares seja um procedimento útil e necessário para o avanço da ciência, ele
também pode ser utilizado para a manutenção e conformação de uma ideologia, e
assim resistir a novos insights teóricos.
A História da Ciência está
repleta de exemplos de cientistas de renome que rejeitaram novas teorias que
mais tarde se mostraram mais competentes em explicar a evidência do que as
teorias paradigmáticas.
Assim sendo, não é
surpreendente e nem provoca danos à TDI a rejeição atual de sua plausibilidade
científica por cientistas e publicações científicas.