quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Teoria do Design Inteligente


Por: Enézio de Almeida Filho (Baseado nas obras dos teóricos do Design Inteligente: William A. Dembski e Michael J. Behe)

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Introdução

O debate sobre as origens e evolução do universo e da vida tem sido uma dialética muito controversa, principalmente depois que Darwin publicou o livro Origem das Espécies em 1859. Desde então, a fonte da controvérsia tem sido o design. Seria a aparência de design nos organismos (conforme exibido na sua complexidade funcional) o resultado de forças puramente naturais agindo sem previsão ou teleologia? Ou significaria previsão e teleologia genuínas? Aquele design seria empiricamente detectável e acessível à pesquisa científica? Quatro posições importantes emergiram devido a essas questões: o darwinismo, a auto-organização, a evolução teísta e o design inteligente.

As perguntas que teimam não se calar

Por que o darwinismo, apesar de tão inadequadamente apoiado como teoria científica continua a acumular o apoio total do establishment acadêmico?

O que continua a manter o darwinismo em circulação apesar de suas muitas falhas evidentes?

Por que as alternativas que introduzem o design são excluídas do debate científico?

Por que a ciência deve explicar somente recorrendo a processos naturais não guiados?
Quem determina as regras da ciência?

Há um código de “cientificamente correto” que, em vez de ajudar a nos levar à verdade, ativamente nos impede de perguntar certas questões e de chegar à verdade?

O que é correto - a evolução naturalista ou design inteligente?

Os objetos, mesmo que nada sobre como surgiram seja conhecido, podem exibir características - design intencional - que sinalizem seguramente a ação de uma causa inteligente? Atualmente, esta é uma das perguntas proibida de ser feita em ciência, especialmente em biologia. Os exemplos mais precisos dessa atitude são de dois importantes cientistas evolucionistas:

Os biólogos devem constantemente ter em mente que o que eles vêem não tem design intencional, mas evoluiu” (ênfase inexistente) -Francis Crick, What Mad Pursuit (1988).
A biologia é o estudo de coisas complexas que dão a impressão de ter um design intencional” (ênfase inexistente)- Richard Dawkins, O relojoeiro cego (2001).

Contudo, como a pergunta mais importante para qualquer sociedade fazer é justamente aquela que é proibida, muitos biólogos e outros cientistas dispuseram-se a responder: o design é real ou aparente?

O que é a Teoria do Design Inteligente?

O surgimento de uma moderna teoria científica do Design Inteligente (TDI) e de uma comunidade de pesquisadores academicamente qualificados promovendo essa teoria (Movimento do Design Inteligente - MDI) há mais de dez anos nos Estados Unidos, colocou novamente a questão das origens do universo e da vida em destaque na mídia e na academia.

O Design Inteligente (DI) é uma ciência, uma filosofia e um movimento para a reforma educacional. Como ciência, é um argumento contra a afirmação darwinista ortodoxa de que forças inconscientes como variação, herança genética, seleção natural e o tempo sejam capazes de explicar as principais características (complexidade e diversidade) do mundo biológico. Como filosofia, é uma crítica da filosofia da ciência dominante que limita a explicação apenas a causas puramente físicas ou materiais. Como programa de reforma educacional, é um movimento público para fazer do darwinismo - suas evidências, pressuposições filosóficas e táticas retóricas - objeto de uma discussão pública bem informada, ampla, civilizada, e vívida.

A TDI é uma teoria científica moderna que tenta responder essa pergunta científica proibida: Os objetos, mesmo que nada seja conhecido sobre como que eles surgiram, exibem características que sinalizam com segurança a ação de uma causa inteligente? Para ver o que epistemicamente está em jogo, consideremos a estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro. A evidência de design na estátua, criada sob encomenda da Arquidiocese do Rio de Janeiro pelo artista plástico francês Paul Landowski, é direta — testemunhas oculares viram os arquitetos, engenheiros e demais operários levantarem essa estrutura em cimento armado. Mas, e se não houvesse evidência direta de design para a estátua do Cristo Redentor? Se os humanos não existissem mais e se extraterrestres ao visitarem a Terra descobrissem a estátua do Cristo Redentor do jeito em que se encontra atualmente? Qual seria a conclusão deles diante da estátua? Acaso e necessidade? Ou design inteligente?

Nesse caso, o que sobre este objeto forneceria evidência circunstancial convincente de que foi devido à ação de uma inteligência e não do vento e da erosão ou do acúmulo lento e gradual de materiais de construção? Objetos com design intencional como o Cristo Redentor exibem aspectos característicos que apontam para uma inteligência. Tais aspectos ou padrões se constituem em sinais de inteligência. Os proponentes do DI, conhecidos como teóricos do design, tencionam estudar tais sinais formal, rigorosa e cientificamente.

A afirmação fundamental do DI é direta e muito inteligível, isto é: existem sistemas naturais que não podem ser adequadamente explicados em termos de forças naturais não-dirigidas e que exibem características que em quaisquer outras circunstâncias nós atribuiríamos à inteligência. Portanto, o DI pode ser definido como a ciência que estuda os sinais de inteligência.

Um método de detectar design

Porque um sinal não é a coisa significada, o DI não presume identificar nem focalizar os propósitos de um designer (a coisa significada), mas nos artefatos que resultam dos propósitos de um designer (o sinal). O que um designer tenciona ou propõe-se a fazer é uma questão interessante, e alguém pode até ser capaz de inferir algo sobre os propósitos de um designer a partir dos objetos com design intencional que um designer produz. No entanto, as intenções de um designer e até mesmo a sua natureza (se, por exemplo, o designer é um agente pessoal consciente ou um processo télico impessoal) está fora do objetivo do DI. Como programa de pesquisa científica, o DI investiga os efeitos da inteligência e não a inteligência em si. Na verdade, um dos aspectos mais vigorosos da TDI é que ela distingue o design do propósito do design.

O que torna o DI controverso, é porque ele se propõe a encontrar sinais de inteligência na natureza e, especificamente, em sistemas biológicos. De acordo com o biólogo evolucionista Francisco Ayala, o maior feito de Darwin foi demonstrar como que a complexidade organizada dos organismos podia ser obtida à parte de uma inteligência que utilize design. Portanto, o DI desafia diretamente o darwinismo e outras abordagens naturalistas quanto à origem e a evolução da vida.

Para que o design seja um conceito científico fértil, os cientistas têm de ter certeza de que eles podem determinar com confiança se algo tem design intencional. Johannes Kepler, por exemplo, pensou que as crateras na Lua tinham sido feitas inteligentemente pelos habitantes da Lua. Hoje nós sabemos que as crateras foram formadas por fatores puramente materiais (como colisão de meteoros). Este medo de atribuir design falsamente a alguma coisa, só para mais tarde vê-lo ser desacreditado, tem impedido o design de entrar no circuito científico. Mas os teóricos do DI argumentam que agora formularam métodos precisos e rigorosos para diferençar objetos com design intencional dos sem design intencional. Esses métodos, eles afirmam, os capacitam evitar o erro de Kepler e localizar o design com segurança em sistemas biológicos.

Como uma teoria de origem biológica e de desenvolvimento, a afirmação central do DI é que somente causas inteligentes explicam adequadamente as estruturas biológicas de informação complexa e que essas causas são empiricamente detectáveis. Afirmar que causas inteligentes são empiricamente detectáveis é afirmar a existência de métodos bem-definidos que, baseados nos aspectos observáveis do mundo, podem distinguir com segurança causas inteligentes de causas naturais não dirigidas.

Muitas ciências especiais já desenvolveram tais métodos para fazer essa distinção - notadamente a ciência de investigação criminal, a criptografia, a arqueologia, a inteligência artificial (cf. o teste de Turing) e a busca por inteligência extraterrestre (SETI - Search for Extraterrestrial Intelligence). A capacidade de eliminar acaso e necessidade é essencial para todos esses métodos científicos. Sempre que esses métodos detectam a causação inteligente, a entidade subjacente que descobrem é a informação. David Baltimore, biólogo molecular americano (prêmio Nobel em 1975) afirmou: “A biologia moderna é uma ciência de informação”. A TDI apropriadamente formulada é uma teoria de informação. Dentro dessa teoria, a informação se torna um indicador confiável de causação inteligente bem como um objeto apropriado para investigação científica.

O astrônomo Carl Sagan escreveu um livro sobre a busca por inteligência extraterrestre chamado Contato, que mais tarde virou filme. A trama e os extraterrestres eram fictícios, mas Sagan baseou os métodos de detecção de design dos astrônomos do SETI exatamente na prática científica. Na vida real, até agora os pesquisadores do SETI não tiveram êxito em detectar convincentemente sinais de design intencional do espaço sideral, mas se encontrarem tal sinal, como os astrônomos no filme fizeram, eles também vão inferir design intencional.

Por que os radioastrônomos no filme Contato chegaram a uma inferência de design dos sinais de rádio que eles monitoraram do espaço? Os pesquisadores do SETI escutam milhões de sinais de rádio coletados do espaço sideral através de computadores programados para reconhecerem padrões preestabelecidos. Esses padrões servem como peneira. Os sinais que não se encaixam em nenhum dos padrões passam pela peneira e são classificados como aleatórios.

Ano após anos recebendo sinais aleatórios aparentemente sem significado, os pesquisadores do filme Contato descobriram um padrão de batimentos (1) e pausas (0) que correspondiam à seqüência de todos os números primos entre 2 e 101. (Os números primos são divisíveis somente por si mesmos e por um). Aquilo surpreendeu e chamou a atenção dos radioastrônomos, e eles imediatamente inferiram uma causa inteligente. Quando uma seqüência começa com duas batidas (11) e depois uma pausa (0), três batidas (111) e depois uma pausa (0), e continua por todos os números primos até o número com cento e uma batidas, os pesquisadores precisam e devem inferir a presença de uma inteligência extraterrestre.

Eis aqui a razão dessa inferência: não há nada nas leis da Física que exija que os sinais de rádio tomem uma forma ou outra. A seqüência de números primos é, portanto, contingente em vez de necessária. Além disso, a seqüência de números primos é longa e portanto complexa. Se a seqüência fosse extremamente pequena e por isso não teria complexidade, facilmente poderia ter acontecido por acaso. Finalmente, a seqüência não era meramente complexa mas também exibia um padrão ou especificação independentemente dada (não era apenas uma velha seqüência de números qualquer, mas uma seqüência matematicamente significante - os números primos).

A inteligência deixa atrás de si uma marca registrada ou assinatura - que dentro da comunidade do DI é agora chamada de complexidade especificada. Um evento exibe complexidade especificada se for contingente e, portanto, não necessário; se for complexo e por isso não prontamente repetido pelo acaso; e se for especificado no sentido de exibir um padrão dado independentemente. Um evento meramente improvável não é suficiente para eliminar o acaso - ao jogar uma moeda muitas vezes para o ar, alguém testemunhará um evento altamente complexo ou improvável. Mesmo assim, não terá nenhuma razão em atribuí-lo a qualquer coisa a não ser ao acaso.

A coisa importante a respeito das especificações é que elas sejam dadas objetivamente e não sejam impostas arbitrariamente nos eventos após o fato. Por exemplo, se um arqueiro lançar flechas em direção a uma parede e depois pintar o alvo na mosca ao redor delas, o arqueiro impôs um padrão após o fato. Por outro lado, se os alvos foram colocados antes (“especificados”), e depois o arqueiro os acerta com exatidão, legitimamente chega-se à conclusão de que assim ocorreu por design intencional.

A combinação de complexidade e especificação apontou convincentemente aos radioastrônomos no filme Contato para uma inteligência extraterrestre. A evidência era puramente circunstancial - os radioastrônomos nada sabiam sobre os alienígenas responsáveis pelo sinal ou como o transmitiram. Os teóricos do DI afirmam que a complexidade especificada fornece evidência circunstancial convincente de inteligência. Conseqüentemente, a complexidade especificada é um marcador empírico de inteligência confiável, do mesmo modo que as impressões digitais são marcadores empíricos confiáveis da presença de um indivíduo. Além disso, os teóricos do DI argumentam que fatores puramente materiais não podem explicar adequadamente a complexidade especificada.

A insuficiência epistêmica de alguns aspectos do darwinismo é considerada até por cientistas evolucionistas.

“Na literatura do DI, algumas referências a ‘design’ não são relativas a design como causa (detectável ou não), mas ao design como efeito empiricamente detectável. É importante que estes dois sentidos de design sejam cuidadosamente distinguidos. O sentido epistêmico de design (efeito detectável) é muito mais restringido do que o sentido ontológico (causa). Algum design genuíno pode não deixar rastro detectável. Um assassino inteligente pode forjar uma morte acidental ou natural, e assim tornar indetectável um design maligno. Como conceito empírico-epistêmico o design deve ser restringido àqueles casos onde o acaso e a lei [natural] podem ser excluídos com segurança. Todavia, o design pode estar operando incógnito mesmo quando o acaso e a lei [natural] não podem ser excluídos como explicações. Uma sugestão é que o design, como efeito empírico, pode ser identificado com a manifestação de um certo tipo de informação, a informação complexa especificada (ICE), que é a idéia por trás do filtro explanatório proposto por William Dembski [in The Design Inference (Cambridge: Cambridge University Press, 1998)]”. MENUGE, Angus. Agents Under Fire: Materialism and the Rationality of Science, Lanham, MD: Rowman & Littlefield Publishers, Inc., 2004, p. 17. [Minha ênfase].

A TDI satisfaz os quatro critérios do modelo dedutivo-nomológico de explicação científica dos fenômenos: A) A explicação que oferece pode ser feita em forma de um argumento dedutivo; B) Contém pelo menos uma lei geral (lei da pequena probabilidade), e esta lei é exigida para a derivação da coisa a ser explicada (neste caso, a natureza da causa do evento em questão); C)Tem conteúdo empírico porque depende tanto da observação do evento e de fatos empíricos relevantes para determinar a probabilidade objetiva de sua ocorrência; D) As frases constituindo a explicação são verdadeiras (até onde sabemos), porque em princípio elas levam em consideração todos os fatores relevantes disponíveis antes do evento que se está tentando explicar. GORDON, Bruce L., “Is Intelligent Design Science? - The Scientific Status and Future of Design-Theoretic Explanations”, in Signs of Intelligence, p. 209.

Atualmente são mais de 450 acadêmicos (com Ph. D.), alguns professores em universidades como Stanford, Princeton, Yale, Universidade de Idaho, Universidade do Texas, Universidade da Califórnia (Berkeley), Universidade de San Francisco, Universidade da Georgia (Henry F. Schaeffer, cinco vezes indicado para o prêmio Nobel, o terceiro químico mais citado no mundo), Universidade de Notre Dame, entre outras renomadas instituições de ensino.

Este Autor considera o livro The Mystery of Life’s Origin (Nova York: Philosophical Library, Inc., 1984) de Charles Thaxton, Walter Bradley e Roger Olsen como a obra seminal do MDI. Ao receber em 1984 uma cópia autografada por um dos autores, Charles Thaxton, nem imaginava a revolução científica que este livro provocaria anos mais tarde e que estaria envolvido na promoção da TDI no Brasil. Vide Doubts About Darwin, de Thomas Woodward, Grand Rapids, MI: Baker Books, 2003, sobre a história do DI.

Os leigos também podem participar do projeto SETI usando seus computadores na busca de sinais de inteligência extraterrestre. Maiores informações: http://www.seti.org.

O padrão contendo a seqüência de números primos de 2 a 101 apresentado no filme Contato:

1101110111110111111101111111111101111111111111011111111111111111011111111111111111110111111111111111111111110111111111111111111111111111110111111111111111111111111111111101111111111111111111111111111111111111011111111111111111111111111111111111111111011111111111111111111111111111111111111111110111111111111111111111111111111111111111111111110111111111111111111111111111111111111111111111111111110111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111101111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111011111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111011111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111110111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111101111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111101111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111101111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111011111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111

Detectando design em biologia

1. O argumento da complexidade especificada (William Dembski):*Para determinar se os organismos biológicos exibem complexidade especificada, os teóricos do DI focalizam em sistemas identificáveis (ex.: enzimas individuais, caminhos metabólicos e máquinas moleculares). Esses sistemas não somente são especificados por seus requisitos funcionais independentes, mas também exibem um alto grau de complexidade.

A complexidade especificada, como Dembski a desenvolve na sua obra, incorpora cinco elementos importantes:

A) - Uma versão probabilística de complexidade aplicável aos eventos: a probabilidade pode ser vista como uma forma de complexidade. Elas variam inversamente: quanto maior a complexidade, muito menor será a probabilidade. O termo complexidade em complexidade especificada refere-se à improbabilidade.

B) - Padrões condicionalmente independentes: os padrões que na presença de complexidade (ou improbabilidade) impliquem em ação de inteligência devem ser independentes do evento cujo design está em questão. O modo de caracterizar essa independência de padrões é através da noção probabilística de independência condicional. O termo especificada em complexidade especificada refere-se a tais padrões condicionalmente independentes - são as especificações.

C) - Recursos probabilísticos: são o número de oportunidades para um evento acontecer ou ser especificado. Um evento aparentemente improvável pode tornar-se bem provável assim que suficientes recursos probabilísticos sejam fatorados. Por outro lado, tal evento pode permanecer improvável mesmo após todos os recursos probabilísticos disponíveis tenham sido fatorados. Os recursos probabilísticos são replicadores (o número de oportunidades para um evento ocorrer) e especificadores (o número de oportunidades para especificar um evento). Para um evento de probabilidade ser razoavelmente atribuído ao acaso, o número não pode ser pequeno demais.

D) - Uma versão especificadora de complexidade aplicada aos padrões. Por serem padrões, as especificações exibem graus de complexidade variadas. Um grau de especificação de complexidade determina quantos recursos especificadores devem ser fatorados quando calculando o nível de improbabilidade necessária para excluir o acaso. Quanto mais complexo o padrão, mais recursos especificadores devem ser fatorados. Os matemáticos chamam a generalização disso de complexidade de Kolmogorov. A baixa complexidade especificadora é importante na detecção de design porque ela garante que um evento cujo design está em questão não foi simplesmente descrito após o fato e depois arrumado como se pudesse ser descrito como tendo ocorrido antes do fato.

E) - Um número limite de probabilidade universal. Os recursos probabilísticos vêm em quantidades limitadas no universo observável. Os cientistas calculam que haja em torno de 1080 de partículas elementares. As propriedades da matéria são tais que as transições de um estado para o outro não pode ocorrer muito mais rápido do que 1045 por segundo (o tempo de Planck, a menor de todas as unidades de tempo fisicamente significativa). O universo mesmo é um bilhão de vezes mais recente do que 1025 segundos (admitindo-se que o universo tenha entre 10 a 20 bilhões de anos). Se qualquer especificação de um evento ocorrendo no universo físico requer pelo menos uma partícula elementar para especificá-lo e que tal especificação não pode ser gerada mais rapidamente do que o tempo de Planck, então essas limitações cosmológicas implicam que o número total de eventos especificados através da história cósmica não pode exceder 1080 x 1045 x 1025 = 10150. Assim, qualquer evento especificado de probabilidade menor do que 1 em 10150 permanecerá improvável mesmo após todos os recursos probabilísticos concebíveis do universo visível tenham sido fatorados. Isto é, qualquer evento especificado tão improvável quanto esse jamais poderia ser atribuído ao acaso. Para algo exibir complexidade especificada significa que corresponde a um padrão condicionalmente independente (especificação) de baixa complexidade especificadora, mas onde o evento correspondente àquele padrão ele tem uma probabilidade menor do que o número limite de probabilidade universal (10150) e portanto tem alta complexidade probabilística. Emile Borel, matemático francês, propôs 1 em 1050 como um limite de probabilidade universal, abaixo do qual (10-50) o acaso pode ser definidamente excluído, i.e., qualquer evento específico tão improvável quanto esse nunca poderia ser atribuído ao acaso.

Para explicarmos algo, nós empregamos três amplos meios de explanação: acaso, necessidade e design. Como um critério para detectar design, a complexidade especificada nos capacita decidir qual desses meios de explanação é aplicável. Ela faz isso respondendo a três perguntas sobre a coisa que estamos tentando explicar: É contingente? É complexo(a)? É especificado(a). Dispondo essas perguntas seqüencialmente como nódulos de decisão num gráfico, nós podemos representar a complexidade especificada como um critério para detectar design: o chamado “Filtro Explanatório” de Dembski.

Assim, onde for possível existir corroboração empírica direta, o design intencional estará realmente presente sempre que a complexidade específica estiver presente.

2. O argumento da complexidade irredutível (Michael Behe)

No livro A Caixa Preta de Darwin, Michael Behe, professor de Bioquímica na Lehigh University, Pensilvânia, conecta a complexidade especificada ao design biológico através do seu conceito de complexidade irredutível. Behe define um sistema como irredutivelmente complexo se ele consistir de um subsistema de diversas partes interrelacionadas que removendo-se até mesmo uma parte torna a função básica do sistema irrecuperável.

Para Behe, a complexidade irredutível é um indicador seguro de design. Um sistema bioquímico irredutivelmente complexo que Behe considera é o flagelo bacteriano. O flagelo é um motor rotor movido por um fluxo de ácidos com uma cauda tipo chicote (ou filamento) que gira entre 20.000 a 100.000 vezes por minuto e cujo movimento rotatório permite que a bactéria navegue através de seu ambiente aquoso.

Behe demonstra que essa maquinaria intrincada nesse motor molecular - incluindo um rotor (o elemento que imprime a rotação), um estator (o elemento estacionário), juntas de vedação, buchas e um eixo-motor - exige a interação coordenada de pelo menos quarenta proteínas complexas (que formam o núcleo irredutível do flagelo bacteriano) e que a ausência de qualquer uma delas resultaria na perda completa da função do motor. Behe argumenta que o mecanismo darwinista enfrenta graves obstáculos em tentar explicar esses sistemas irredutivelmente complexos. No livro No Free Lunch, William Dembski demonstra como que a noção de complexidade irredutível de Behe se constitui numa instância particular de complexidade especificada.

Assim que um componente essencial de um organismo exibe complexidade especificada, qualquer design atribuível àquele elemento passa para o organismo como um todo. Para atribuir design a um organismo, ninguém precisa demonstrar que cada aspecto do organismo tem design intencional. Organismos, como todos os objetos materiais, são produtos de uma história e assim sujeitos à ação desgastante de fatores puramente materiais. Automóveis, por exemplo, ficam velhos e exibem os efeitos da corrosão, de granizo, e de forças de fricção. Mas isso não faz com que eles tenham menos design intencional. Do mesmo modo, os teóricos do DI argumentam que os organismos, embora exibindo os efeitos da história (e isso inclui os fatores darwinistas como mutações genéticas e seleção natural), também incluem um núcleo não eliminável que tem design intencional que não pode ser explicado unicamente por aqueles fatores.

O design inteligente e as tradições religiões

A principal ligação do DI com as tradições religiosas é através do argumento de design. Talvez o argumento de design mais conhecido seja o de William Paley. Ele publicou o seu argumento em 1802 no livro Natural Theology [Teologia Natural]. O subtítulo é surpreendente: Evidences of the Existence and Attributes of the Deity, Collected from the Appearances of Nature [Evidências da existência e atributos da divindade, coletadas das aparências da natureza]. O projeto de Paley era examinar os aspectos do mundo natural (que ele chamou de “aparências da natureza”) e delas tirar conclusões sobre a existência e atributos de uma inteligência responsável pelo design daqueles aspectos (Paley identificou como sendo o Deus do cristianismo).

De acordo com Paley, se alguém encontrar um relógio num campo (e assim não ter todo conhecimento de como surgiu o relógio), a adaptação das peças do relógio para dizer as horas garante que ele é o produto de uma inteligência. Assim também, de acordo com Paley, as maravilhosas adaptações dos meios para os fins nos organismos (como a complexidade do olho humano com a sua capacidade de visão) garantem que os organismos são produtos de uma inteligência. A TDI atualiza o argumento do relojoeiro de Paley à luz da contemporânea teoria matemática da informação e da biologia molecular, pretendendo trazer este argumento de design para dentro da ciência.

Ao argumentar a favor do design dos sistemas naturais, a TDI é mais modesta do que os argumentos de design da teologia natural. Para teólogos da natureza como Paley, a validade do argumento de design não dependia da fertilidade das idéias teóricas de design para a ciência, mas no uso metafísico e teológico que alguém pudesse obter do design. Um teólogo da natureza pode apontar para a natureza e dizer, “Claramente, o designer deste ecossistema valorizou a variedade em detrimento à elegância”. Um teórico do DI tentando fazer de verdade uma pesquisa teórica de design naquele ecossistema pode responder, “Embora isso seja uma intrigante possibilidade teológica, como um teórico do DI eu preciso manter a pesquisa focalizada nos caminhos informacionais capazes de produzir essa variedade”.

No seu livro Crítica da Razão Pura, Immanuel Kant afirmou que o máximo que o argumento do design pode estabelecer é “um arquiteto do mundo que está limitado pela adaptabilidade do material com que trabalha, não um criador de mundo à cuja idéia [mente] tudo está sujeito”. Longe de rejeitar o argumento de design, Kant fez objeção quanto à extrapolação de seu uso. Para Kant, o argumento do design estabelecia legitimamente um arquiteto (isto é, uma causa inteligente cujas realizações de objetivos são limitadas pelos materiais do qual o mundo é feito), mas nunca pode estabelecer um criador que origina os próprios materiais que o arquiteto então modela.

O DI é totalmente consoante com essa observação de Kant. A criação é sempre sobre a fonte ontológica do mundo. O DI, como a ciência que estuda os sinais de inteligência, é sobre os arranjos de materiais preexistentes que apontam para uma inteligência. Portanto, a criação e o DI são bem diferentes.

Pode haver criação sem DI e DI sem criação. Por exemplo, pode haver uma doutrina da criação na qual Deus cria o mundo de tal maneira que nada sobre o mundo aponta para design. O zoólogo evolucionista Richard Dawkins escreveu um livro intitulado O relojoeiro cego: porque a evidência da evolução revela um universo sem design. Mesmo que Dawkins possa estar certo sobre o universo não revelar nenhuma evidência de design intencional, logicamente não se conclui que ele não foi criado. É logicamente possível que Deus tenha criado um mundo que não forneça nenhuma evidência de design. Por outro lado, é logicamente possível que o mundo esteja cheio de sinais de inteligência mas não foi criado. Esta era a visão dos antigos estóicos, no qual o mundo era eterno e não criado, mas mesmo assim um princípio racional impregnava o mundo todo e produzia marcas de inteligência nele.

As implicações do DI para as crenças das tradições religiosas são profundas. A ascensão da ciência moderna resultou num ataque vigoroso em todas as religiões que consideram o propósito, a inteligência, e a sabedoria como aspectos fundamentais e irredutíveis da realidade. O ápice desse ataque veio com a teoria da evolução de Darwin. A afirmação central da teoria de Darwin é que um processo material não guiado (variação aleatória e seleção natural entre outros mecanismos) poderia explicar a emergência de toda a complexidade e ordem biológicas. Em outras palavras, Darwin parecia demonstrar que o design em biologia (e, por implicação, na natureza em geral) era dispensável. Ao demonstrar que o design é indispensável para a compreensão científica do mundo natural, o DI está revigorando o argumento do design e ao mesmo tempo derrubando a concepção errônea de que a única forma de crença religiosa defensável é a que considera o propósito, a inteligência, e a sabedoria como subprodutos de processos materiais não inteligentes.

Referências e notas

O conceito de complexidade especificada foi usado pela primeira vez em 1973 por Leslie Orgel in The Origins of Life, e depois em 1999 por Paul Davies in The Fifth Miracle.

Na pesquisa da TDI, a complexidade especificada é um critério estatístico usado para identificar os efeitos de causa inteligente. Vide DEMBSKI, William. The Design Inference: Eliminating Chance Through Small Probabilities. Cambridge: Cambridge University Press, 1998. Esta obra é rigorosamente técnica e fundamental para a compreensão da TDI como uma teoria científica de detecção de design na natureza. Para uma leitura menos técnica, vide No Free Lunch: Why Specified Complexity Cannot Be Purchased without Intelligence. Lanham, MD: Rowman & Littlefield Publishers, Inc., 2002.

BOREL, Emile. Probabilities and life. New York: Dover Publications, 1962, p. 28

O “Filtro Explanatório” de Dembski aparece no livro The Design Inference, p. 37.

BEHE, Michael. A caixa preta de Darwin. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.

O conceito de Behe de complexidade irredutível estabelece na verdade três pontos importantes: lógico, empírico e explanatório. Do ponto de vista lógico - certas estruturas provavelmente são inacessíveis a um caminho darwinista direto, mas certas estruturas biológicas também têm complexidade irredutível, logo, elas também devem ser inacessíveis a um caminho darwinista direto. O ponto de vista empírico é a falta de êxito, ampla e sistêmica da biologia evolutiva em descobrir caminhos darwinistas indiretos que resultem em estruturas biológicas de complexidade irredutível - o que existe são ‘fantasiosas especulações’: razão para se duvidar e até rejeitar que os caminhos darwinistas indiretos sejam a resposta para a complexidade irredutível. O ponto de vista explanatório é sobre a adequação causal - o efeito em questão é a complexidade irredutível de certas máquinas bioquímicas, como é que ela surgiu? Em bases lógico-matemáticas os caminhos darwinistas diretos são excluídos. A ausência de evidência científica dos caminhos darwinistas indiretos é tão completa quanto é para a existência do Saci Pererê. Resta somente a inteligência, pois é característica da inteligência causar a produção de complexidade irredutível: design inteligente.

Dembski se refere a este subsistema como o “núcleo irredutível do sistema” - partes que são indispensáveis à função básica do sistema.

O desafio da complexidade irredutível à evolução darwinista é real e não procede a afirmação de que as idéias de Behe tenham sido cientificamente refutadas: “A resposta que eu tenho recebido por repetir a afirmativa de Behe sobre a literatura evolucionária - que simplesmente destaca o ponto sendo implicitamente feito por muitos outros, como Crick, Denton, [Robert] Shapiro, Stanley, Taylor, Wesson - é que obviamente eu não tenho lido os livros certos. Há, eu estou convencido, evolucionistas que têm descrito como as transições em questão poderiam ter ocorrido. Todavia, quando eu pergunto em quais livros eu posso achar essas discussões, ou eu não recebo nenhuma resposta ou alguns títulos que ao examiná-los não contém de fato os relatos prometidos. Que tais relatos existam parece ser algo que é amplamente conhecido, mas eu ainda estou por encontrar quem saiba onde eles existem” [David Griffin, in Religion and Scientific Naturalismo: Overcoming the Conflicts, Albany, NY: State University of New York Press, 2000, p. 287, nota #23]; “Não há relatos darwinistas detalhados para a evolução de qualquer sistema bioquímico ou celular, somente uma variedade de especulações para que assim fosse. É notável que o darwinismo é aceito como uma explicação satisfatória para um assunto tão vasto - a evolução - com tão pouco exame rigoroso de quão bem funcionam as suas teses básicas em específicos exemplos esclarecedores de adaptação ou diversidade biológicas”. [James Shapiro, da Universidade de Chicago, in “In the Details... What?”, National Review, 16 de setembro de 1996:62-65]. Curioso que Shapiro fez o mesmo comentário em sua obra acadêmica “Genome System Architecture and Natural Genetic Engineering in Evolution”, Annals of the New York Academy of Sciences 870, 18 de maio de 1999:23-25.

DEMBSKI, William. No Free Lunch. Lanham, MD: Rowman & Littlefield Publishers, Inc., 2002, cap. 5, “The emergence of Irreducibly Complex Systems”, especialmente 5.10.

A teoria de informação de Claude Shannon podia medir a capacidade de transporte de informação de uma dada seqüência de símbolos, mas não o conteúdo da informação.

O criacionismo científico está comprometido com as seguintes proposições: 

CC1: Houve uma súbita criação do universo, da energia e da vida ex-nihilo.

CC2: As mutações e a seleção natural são insuficientes para realizar o desenvolvimento de todos os tipos de vida a partir de um único organismo.

CC3: Mudanças dos tipos de animais e plantas originalmente criados ocorrem somente dentro de limites fixados.*CC4: Há uma linhagem ancestral separada para humanos e primatas.

CC5: A geologia pode ser explicada pelo catastrofismo, principalmente pela ocorrência de um dilúvio mundial.

CC6: A Terra e os tipos de vida são relativamente recentes (na ordem de milhares ou dezenas de milhares de anos).

O design inteligente, por outro lado, está comprometido com as seguintes proposições:
DI1: A complexidade especificada e a complexidade irredutível são indicadores ou marcas seguras de design.

DI2: Os sistemas biológicos exibem complexidade especificada e empregam subsistemas de complexidade irredutível.

DI3: Os mecanismos naturalistas ou causas não-dirigidas não são suficientes para explicar a origem da complexidade especificada ou da complexidade irredutível.

DI4: Por isso, o design inteligente é a melhor explicação para a origem da complexidade especificada e da complexidade irredutível em sistemas biológicos.

Traduzido para o português do Brasil por Laura Teixeira Motta como O relojoeiro cego: A teoria da evolução contra o desígnio divino. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. Acertadamente traduziu ‘design intencional’, p. 18, no sentido epistêmico de design como efeito empiricamente detectável.

Freqüentemente os oponentes e críticos do DI afirmam que a TDI não é ciência porque não tem um plano para verificação experimental. Mas o DI tem esse plano de verificação. Atualmente são dez os temas de pesquisa, mas somente cinco são aqui brevemente considerados:

Métodos de detecção de design. Técnicas, métodos e critérios de detecção de design intencional são amplamente empregados em várias ciências especiais (a ciência de investigação criminal, a criptografia, a arqueologia, a inteligência artificial (cf. o teste de Turing) e a busca por inteligência extraterrestre [SETI - Search for Extraterrestrial Intelligence]). Os critérios da complexidade irredutível de Behe e da complexidade especificada de Dembski precisam estar no centro dessa discussão com mais seriedade pela academia brasileira.

Informação biológica. Como que a matéria foi formada em maneiras muito especiais a fim de constituir a vida? Dembski aborda esse problema no seu livro No Free Lunch, mas há necessidade de mais trabalho e pesquisa nesta área.

Complexidade mínima. Coisas vivas são sistemas complexos constituídos de sub-sistemas complexos que por sua vez consistem de outros sub-sistemas até que um nível de organização é atingido que é quimicamente simples. Essa complexidade mínima fornece confirmação decisiva de design inteligente?

Capacidade de evolução. As limitações na capacidade de evolução por meio de mecanismos materiais se constituem em evidências de design intencional.

O princípio de “engenharia metodológica”. Os sistemas biológicos precisam ser compreendidos como sistemas de engenharia: origem, construção, operação, falha de operação, desgaste, reparo, modificação (acidental ou por design intencional).

Conclusão circunstancial:

A visão darwinista da vida está rapidamente perdendo o contato com a realidade e com o design intencional que permeia o mundo no nível bioquímico - um mundo sobre o qual Darwin nada sabia. São muitas as anomalias, que têm resistido todas as tentativas de serem resolvidas pelos procedimentos existentes do paradigma atual, mas a velha guarda do darwinismo, mesmo sabendo que as suas “idéias não correspondem aos fatos” [Cazuza], não está e nem ficará quieta: existe atualmente nos Estados Unidos uma inquisição sem fogueiras para os que criticam cientificamente o darwinismo.

No seu livro The End of Christendom, Malcolm Muggeridge escreveu: “Eu estou mesmo convencido de que a teoria da evolução, especialmente na extensão na qual tem sido aplicada, será uma das maiores de todas as piadas nos livros de história do futuro. A posteridade irá se maravilhar como uma hipótese muito superficial e tão dúbia pôde ser aceita com a incrível credulidade que tem sido aceita”.

A visão darwinista, porém, como os ‘epiciclos’ de Ptolomeu, recusa-se em procurar a porta de saída paradigmática, para ser substituída por uma nova visão baseada na realidade: Design Inteligente.
  
A ilação, errônea, da maioria dos acadêmicos brasileiros de que a TDI é criacionismo e o total desconhecimento da obra de Dembski são, para este Autor, as causas da alienação da TDI por parte da Academia. A TDI cai ou se estabelece pelos seus próprios méritos que precisam ser devidamente considerados: se o design encontrado na natureza for demonstrado cientificamente que é aparente, não detectável e produto de leis e processos naturais não guiados como o acaso, necessidade, mutações e seleção [não é atributo de inteligência???] natural nós tiramos a TDI da mesa de debate como teoria que se propõe substituir as teorias da origem e evolução da vida atuais.

Nos Estados Unidos, a maior democracia do mundo, não é crime criticar o governo, mas criticar Darwin é considerado crime de lèse majesté. Vários professores universitários, que de alguma forma sofreram sanções acadêmicas, são mencionados por Angus Menuge in Agents Under Fire, p. 200-01. A razão maior para nós do NBDI protegermos atualmente os professores e alunos de universidades públicas e privadas que são simpáticos à TDI deve-se a esse tipo de ‘patrulhamento ideológico’. A ‘liberdade de cátedra’ e o debate de diversidade de idéias foi jogada na lata do lixo. No Brasil não é menos diferente. Razão disso? A toxina do materialismo filosófico travestido de metodologia científica.
Bibliografia sobre a TDI

1. BEHE, Michael J., A caixa preta de Darwin. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.
2. BUELL, Jon e HEARN, Virginia, (eds.), Darwinism: Science or Philosophy? DallasTX:Foundation for Thought and Ethics, 1993.
3. DEMBSKI, William A., The Design Inference: Eliminating Chance Through SmallProbabilities. CambridgeCambridge University Press, 1998.
4. ________. No Free Lunch: Why Specified Complexity Cannot Be Purchasedwithout Intelligence. LanhamMD: Rowman & Littlefield, 2002.
5. ________. The Design Revolution: Answering the Thoughest Questions About IntelligentDesign. Downers GroveIL: InterVarsity Press, 2004.
6. GONZALEZ, Guillermo e RICHARDS, Jay W., The Privileged Planet: How Our Place in the Cosmos is Designed for Discovery. Washington, D.C.: Regnery Publishing, Inc., 2004. Um tratado excepcional sobre a evidência de design derivado da astronomia e cosmologia.
7. MENUGE, Angus. Agents Under Fire: Materialism and the Rationality of Science. LanhamMD: Rowman & Littlefield, 2004.
8. THAXTON, Charles B.; BRADLEY, Walter L.; OLSEN, Roger L., The Mystery of Life’s Origin: Reassessing Current Theories. Nova York: Philosophical Library, 1984. Sem dúvida, o livro que lançou a base científica para a moderna TDI.
Bibliografia sobre as implicações culturais da TDI:
1. CAMPBELL, John Angus e MEYER, Stephen, Darwin, Design, and Public Education. MichiganMichigan University Press, 2003.
2. DEMBSKI, William A. (ed.), Mere Creation: Science, Faith and Intelligent Design. Downers GroveIL: InterVarsity Press, 1998.
3. _______. Intelligent Design: The Bridge Between Science and Theology. Downers GroveIL: InterVarsity Press, 1999.
4. DEMBSKI, William A., e KUSHINER, James M. (eds.). Signs of Intelligence: Understanding Intelligent Design. Grand RapidsMIBrazos Press, 2001.
5. DEMBSKI, William A. (ed.), Uncommon Dissent: Intellectuals Who Find Darwinism Unconvincing. WilmingtonDE: ISI Books, 2004.
6. DEMBSKI, William A. e RUSE, Michael. Debating Design: From Darwin to DNA. CambridgeCambridge University Press, 2004.
7. HUNTER, Cornelius G., Darwin’s God: Evolution and the Problem of Evil. Grand RapidsMIBrazos Press, 2001.
8. _______. Darwin’s Proof: The Triumph of Religion Over Science. Grand Rapids, MI: Brazos Press, 2003. A religião aqui é o darwinismo.
9. JOHNSON, Phillip E., JOHNSON, Phillip E., Darwin on Trial. Downers GroveIL:InterVarsity Press, 1991.
10. _______. Reason in the Balance: The Case Against Naturalism in Science, Law and Education. Downers GroveIL: InterVarsity Press, 1995.
11. _______. Defeating Darwinism by Opening Minds. Downers GroveIL: InterVarsity Press, 1997. Traduzido para o português no Brasil, mas encontra-se esgotado.
12. _______. Objections Sustained: Subversive Essays on Evolution, Law and Culture. Downers GroveIL: InterVarsity Press, 1998.
13. _______. The Wedge of Truth: Splitting the Foundations of Naturalism. Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2000. Traduzido para o português como Ciência, Intolerância e Fé - A Cunha da Verdade: rompendo os fundamentos do naturalismo.
14. _______. The Right Questions: Truth, Meaning and Public Debate. Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2002.
Bibliografia sobre a história da TDI e o MDI:
1. O’LEARY, Denyse. By Chance or by Design? Minneapolis, MN: Augsburg Fortress, 2004. Escrito por uma jornalista canadense visando os leigos.
2. WOODWARD, Thomas. Doubts About Darwin: A History of Intelligent Design. Grand RapidsMI: Baker Books, 2003.
3. DEMBSKI, William A., The Design Revolution, p. 310-17

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Fonte:
http://pos-darwinista.blogspot.com
Sobre o autor:

Enézio Eugênio de Almeida Filho possui graduação em Ciências Humanas pela Universidade Federal do Amazonas (1980) e mestrado em Historia da Ciencia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2008). Doutorando em História da Ciência, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2009). Coordenador do NBDI (Núcleo Brasileiro de Design Inteligente), Campinas - SP, desde 1998.

O debate científico que ainda não ocorreu


Por: Enézio de Almeida

O que a Grande Mídia Tupiniquim (GMT) publicou no Brasil celebrando os 200 anos de Darwin é simplesmente abominável como prática de jornalismo, enquanto jornalismo científico. Os artigos foram ideologicamente motivados por um positivismo e demarcacionismo epistemológico há muito superados. Polarizaram novamente a questão como sendo apenas ciência (racional) versus religião (irracional).

Leitura nas entrelinhas

Essa controvérsia é resíduo do ranço materialista do século 19. A controvérsia no século 21 não é se as especulações transformistas de Darwin contrariam relatos de criação das concepções religiosas, mas se as evidências corroboram Darwin. Elas não corroboram, e aí está o ponto científico que deveria ser abordado ouvindo-se os dois lados publicamente. Elas apontam em outra direção: design inteligente.

Mesmo demonizando e desvirtuando o criacionismo e as teses do design inteligente, a GMT não seguiu a máxima de Marcelo Leite de não dar espaço aos críticos de Darwin. Os criacionistas, então, ficaram extasiados com o espaço amplo que lhes foi concedido, algo impensável há alguns anos. Mas deixaram de ler nas entrelinhas:

1. A nomenklatura científica e a GMT instalaram uma kulturkampf no Brasil que não existia e estão blindando Darwin de quaisquer críticas, mesmo as científicas, sobre a robustez epistêmica de sua teoria em um contexto de justificação teórica;

2. Os criacionistas se tornaram "inocentes úteis" nas mãos da GMT e da nomenklatura científica. Repare que a GMT não convidou nenhum proponente da teoria do design inteligente aqui no Brasil. Olha que nós temos gente que é membro da Academia de Ciências...

3. Toda a crítica à teoria da evolução de Darwin é uma crítica à ciência.

Que a louvaminhice, o beija-mão e beija-pé de Darwin iriam à beira do êxtase naturalista ninguém discute. Que a nomenklatura científica e a GMT iriam "ressuscitar" e "instalar" uma kulturkampf no Brasil ninguém esperava.

Respostas pré-programadas

Eu vou jogar uma ducha de água fria nos criacionistas para que eles saiam de seu estado de êxtase, torpor de visões do terceiro céu midiático. Vocês estão sendo inocentemente usados pela GMT como escudo protetor de Darwin contra as críticas científicas robustas daquilo que ele se propôs explicar: a origem das espécies através da seleção natural.

Eu não me lembro de ter lido na Veja, Época, Scientific American Brasil, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, Superinteressante ou Galileu e nem assistido, no Fantástico, alguns destes questionamentos teóricos:

1. O mecanismo neodarwinista de seleção natural agindo sobre as variações aleatórias não parece ser suficiente para produzir: (a) nova informação genética especificada; (b) sistemas e máquinas moleculares "irredutivelmente complexos", "funcionalmente integrados" (como os motores bacterianos, circuitos de transdução de sinal ou o sistema de coagulação sanguínea; (c) novos órgãos e novas estruturas morfológicas (tais como as asas, penas, os olhos, a ecolocação, o ovo amniótico, a pele, os sistemas nervosos e a multicelularidade; (d) novos planos corporais.

2. Muitos mecanismos de mudanças evolutivas significantes não dependem de mutações aleatórias, como exige o mecanismo neodarwinista, mas parecem ser dirigidos por respostas pré-programadas aos estímulos ambientais.

Teoria do ancestral comum
3. O padrão de surgimento abrupto das espécies, a falta de elos no registro fóssil (como visto na explosão cambriana), a revolução marinha no mesozóico e o grande desabrochar de vida das plantas angiospermas não se conformam com as expectativas neodarwinistas sobre a história evolutiva da vida.

4. Evidências da biologia do desenvolvimento sugerem limites nítidos para a quantidade de mudança evolutiva que as coisas bióticas podem sofrer, lançando dúvidas sobre a teoria darwinista do ancestral comum e sugerindo uma razão para a estase morfológica no registro fóssil.

5. Muitas estruturas homólogas (e até algumas proteínas) derivam de genes não-homólogos, enquanto que muitas estruturas dessemelhantes derivam de genes similares, contradizendo as expectativas do neodarwinismo nos dois casos.

6. Os programas de desenvolvimentos (inferidos) entre os animais metazoários do período cambriano são dessemelhantes (ou não conservados), contrariando as expectativas neodarwinistas.

7. O código genético não tem sido "provado" universal, contrariando as expectativas neodarwinistas baseadas na teoria do ancestral comum [todos esses questionamentos teóricos estão baseados na literatura científica recente e de livre acesso aos professores e alunos de universidades brasileiras públicas e privadas através do sitehttp://www.capes.gov.br (clique em Periódicos)].

Falta de liberdade acadêmica

Essas são algumas das evidências que contrariam a robustez epistêmica da teoria geral da evolução de Darwin que a nomenklatura científica não quer que venham à tona, muito menos sendo abordadas em veículos midiáticos da Grande Mídia brasileira.

Ciência versus religião? O debate que precisa ser debatido é este: a teoria da evolução de Darwin passa por uma crise epistêmica em um contexto de justificação teórica? Passa, tanto é que a nova teoria geral da evolução, a Síntese Evolutiva Ampliada, não será selecionista. A teoria do design inteligente, como teoria de informação complexa e especificada, será academicamente discutida?

Esse é o tipo de debate que Darwin, sem dúvida, aprovaria: as controvérsias científicas ajudam no desenvolvimento da ciência porque em ciência não existe theoria perennis. Nem a teoria da evolução de Darwin.

Infelizmente, esse debate não ocorre livremente nas universidades brasileiras públicas e privadas, e não é abordado francamente pela Grande Mídia. Isso é falta de liberdade acadêmica e flagrante violação da nossa cidadania em ter acesso a informações científicas atuais sobre o status da teoria geral da evolução em um contexto de justificação teórica.


Esse é o debate que ainda não correu no Brasil.

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Fonte:
Observatório da Imprensa

O Design Inteligente Na Biologia: A Situação


Por: Phillip E. Johnson Think (The Royal Institute of Philosophy – 19 de Fevereiro de 2007). Tradução e Adaptação: Maximiliano Mendes.

Os indivíduos que compõem o Movimento do Design Inteligente (MDI) se uniram como conseqüência da publicação do meu livro Darwin on Trial (Darwin no Banco dos Réus) (Regnery 1991, IVP 1993). O propósito que define o MDI é promover o argumento de que o neo-Darwinismo falhou em explicar a origem dos sistemas informacionais complexos e das estruturas dos seres vivos, das primeiras células aos novos planos corporais. Isto faz com que seja razoável inferir que a evidência biológica, apesar da filosofia que domina esta ciência, sugere a necessidade de se considerar que alguma causa inteligente pode ter tido um papel indispensável na origem e desenvolvimento da vida.

A alegação de que a ciência evolutiva descobriu e verificou um mecanismo que pode explicar a origem da informação e complexidade biológicas envolvendo apenas causas naturais (não-inteligentes) é apoiada por uma imensa extrapolação de uma evidência restrita a pequenas variações cíclicas em espécies fundamentalmente estáveis. O principal exemplo atual de um mecanismo neo-Darwiniano padrão envolve uma espécie de tentilhão em uma ilha do rquipélago das Galápagos. Dois cientistas de nome Grant publicaram um famoso estudo das variações dos bicos destes pássaros, posteriormente popularizado em um livro chamado O Bico do Tentilhão, escrito por Jonathan Weiner.

Os Grants mediram bicos de tentilhões ao longo de muitos anos. Em 1997, uma seca matou a maioria destas aves, e os sobreviventes tinham bicos levemente maiores que antes. A explicação provável era que os pássaros de bicos grandes tinham vantagem, pois eram capazes de comer as últimas sementes duras que restaram. Alguns anos depois as chuvas retornaram, e a média do tamanho dos bicos voltou ao normal. Não houve o aparecimento de nenhum órgão novo e não houve nenhuma mudança direcional de qualquer tipo, apenas um ciclo de vai-e-vem de bicos pequenos para bicos levemente maiores e de volta para bicos pequenos. Entretanto, este é na verdade o exemplo mais impressionante de seleção natural já observado produzindo mudanças que os Darwinistas foram capazes de corroborar, após aproximadamente um século e meio de buscas por evidências de que o mecanismo de variação aleatória com sobrevivência diferencial tem o poder transformador necessário para realizar tudo que os livros atribuem a ele.

A fim de fazer a estória parecer melhor, a National Academy of Sciences (Academia Nacional de Ciências, dos EUA) melhoraram alguns dos fatos em um livreto de 1998 chamado Teaching about Evolution and the Nature of Science (Ensinando sobre a Evolução e a Natureza da Ciência). Esta versão da estória omite que os bicos voltaram ao normal e encorajava os professores a especular que uma “nova espécie de tentilhão” poderia surgir em 200 anos se a tendência inicial em direção ao aumento do tamanho dos bicos continuasse indefinidamente. Quando os nossos cientistas mais proeminentes têm de se utilizar do tipo de distorção que colocaria um investidor na cadeia, você sabe que eles estão tendo problemas para ajustar as evidências com a teoria que querem apoiar.

Há uma imensa lacuna entre as façanhas criativas que o mecanismo Darwiniano supostamente realizou para levar a vida de um ponto de partida unicelular, até os animais e plantas altamente complexos de hoje em dia, incluindo os humanos, e as modestas variações temporárias que na prática já foram observadas na natureza. Minha esperança era que a comunidade científica fosse concordar que é legítimo questionar se os mecanismos naturais (não-inteligentes) conhecidos podem produzir as imensas quantidades de informação genética que seriam necessárias para gerar novos tipos de organismos complexos, tendo em vista que o questionamento era baseado na evidência científica, e não em doutrinas ou escrituras religiosas.

O argumento a favor do design inteligente na biologia foi logo empregado em livros de dois autores altamente qualificados, o professor de bioquímica Michael Behe, autor de A Caixa Preta de Darwin, e o matemático e filósofo William Dembski, cujo livro The Design Inference (A inferência de Design) foi publicado após um processo de revisão por pares (peer-review) pela Editora da Universidade de Cambridge. (É possível encontrar livros de nível popular dele em livrarias online.) Muitos cientistas mostraram um interesse significativo por esses livros, como também pelo meu, e expressaram seu ceticismo sobre a alegação de que os mecanismos materialistas conhecidos poderiam explicar a origem da informação especificada complexa requerida para as intricadas atividades funcionais de uma célula viva, sem falar na informação necessária para coordenar as funções de trilhões de células envolvidas nos processos da vida de um animal multicelular.

Entretanto, para o meu desapontamento, as organizações científicas influentes formaram um sólido bloco de oposição à consideração sobre se a evidência aponta para o possível envolvimento de causas inteligentes na história da vida. Todavia, o assunto é tão fascinante, que as corporações científicas ortodoxas tiveram de tomar medidas árduas para impedir que ele surgisse na educação científica, e mesmo em jornais científicos.

Como demonstrado no caso do filósofo Anthony Flew (ver adiante), o argumento tem poder persuasivo. Se os pensadores independentes na ciência se sentissem livres para escrever sobre a possibilidade das causas inteligentes na história da vida sem sofrer as conseqüências adversas, a literatura profissional e popular sobre este tema iria provavelmente ser substancial e vigorosa. Este é o motivo daqueles que não querem que o conceito do design inteligente prospere julgarem ser necessário decretar regras explícitas a fim de não permitir que os cientistas e outros discutam a possibilidade de que há uma inteligência real por trás da complexa informação genética.

Eu esperava que a maioria dos cientistas pudesse ser persuadida a levar em consideração as objeções ao Darwinismo que dependem somente de lógica e evidências empíricas, direcionadas somente à adequação do mecanismo Darwiniano, ao invés das que defendem a cronologia do livro de Gênesis. Porém, isso não aconteceu. Os Darwinistas, incluindo muitos em posições de autoridade na ciência, reagiram estigmatizando o conceito do design inteligente em biologia como “criacionismo”, como se ele fosse outra tentativa de tentar defender a cronologia literal do livro do Gênesis, ao invés de ser um movimento científico que depende somente em evidências científicas e análise lógica. Embora o MDI não identifique o designer como nada mais que uma fonte de informação biológica, havia poucas dúvidas de que aqueles que crêem no Deus Cristão, eu inclusive, iriam considerar a aceitação científica do DI altamente animadora.

Isto foi o bastante para incitar os Darwinistas e outros secularistas a dispensar todo o conceito como “religião”, então, “não é ciência”, desta forma descartando o conflito de acordo com a conveniência deles, com base em um estereótipo ao invés de uma análise das evidências e argumentos específicos. A direção da comissão da American Association for the Advancement of Science (Associação Americana para o Avanço da Ciência - AAAS) passou uma decisão declarando que a teoria do design inteligente não é ciência. Esta ação sinalizou que a comissão estava preocupada que, se fosse permitido aos editores e revisores (de periódicos científicos), bem informados, exercer sua ponderação ao revisar manuscritos para publicação, poderiam eventualmente aparecer na literatura profissional, alguns artigos discutindo de forma séria a possibilidade de que as causas inteligentes estiveram necessariamente envolvidas na geração de inovações biológicas.

Foi demonstrado em Outubro de 2004 que tal preocupação era real, quando um artigo de revisão do teórico do DI, Dr. Stephen Meyer, passou na revisão por pares feita por cientistas empregados em instituições tipicamente seculares e foi publicado no Proceedings of the Biological Society of Washington. Os Darwinistas ficaram tão alarmados pela publicação do artigo de Meyer que montaram uma campanha furiosa contra ele. O conselho diretor da sociedade ficou tão estupefato que repudiou o artigo como inadequado para publicação em seus Proceedings, citando a política da AAAS, e reassegurando aos críticos que “o tópico do design não será abordado em edições futuras”. Seguindo esta desaprovação, os Darwinistas montaram uma outra campanha furiosa para desacreditar o editor que tinha aprovado o artigo de Meyer para publicação, acusando-o de ser um criacionista da terra jovem enrustido.

A bagunça quase histérica sobre o artigo de Meyer teve alguns aspectos positivos. Os Darwinistas tem persistentemente criticado os teóricos do MDI de levarem seus argumentos diretamente ao público, o que implicaria que esses teóricos estão tentando evitar o exame detalhado e profissional que acompanha a publicação em periódicos científicos. A verdade é o oposto. Os teóricos do DI têm avidamente perseguido quaisquer oportunidades que eles possam encontrar para publicar em periódicos científicos cujos artigos passam pela revisão por pares. A história da publicação do artigo de Meyer, e o seu resultado, demonstram que tais publicações seriam possíveis, caso não estivesse havendo uma aplicação de políticas doutrinárias que barram a publicação de artigos em apoio ao design inteligente, e a conseqüente intimidação pública e profissional de editores que poderiam permitir essas publicações. O argumento dos Darwinistas para que o público se oponha ao Design Inteligente resume-se a dizer que “Você tem de publicar nos periódicos profissionais antes de levar a teoria ao público, e nós temos uma regra que não permite que vocês publiquem na literatura profissional”. Então não há como os críticos do naturalismo evolucionista se estabelecerem. Se a publicação em periódicos fosse permitida, há razões para se crer que os cientistas se interessariam muito em trabalhar o tema. Mais de 60 cientistas ao redor do mundo pediram cópias do artigo de Meyer, mais um pacote de materiais de referência. Devido ao fato de que uma proibição de publicação estar em vigor, O DI não é discutido na literatura científica. Este silêncio imposto não nos diz nada sobre o que poderia estar acontecendo se os cientistas e editores fossem livres para agir de acordo com seus próprios julgamentos, sem medo de ser punidos por abordar tópicos proibidos.

Estou convencido de que, sob condições de liberdade intelectual, os cientistas e filósofos ficariam fascinados pela possibilidade de que causas inteligentes tenham sido fatores na origem e desenvolvimento da vida. E haveria uma discussão vigorosa acerca dos prós e contras sobre este assunto, tanto na literatura profissional quanto na popular.

Os que insistem que a ciência é, por definição, dedicada à busca e ao endosso de explicações naturalísticas para todos os fenômenos, descartam qualquer questionamento da sua premissa básica como “religiosamente” motivada, e daí, irracional – e até mesmo inconstitucional nos EUA (onde a maioria da população é, apesar disso, inclinada a questionar a premissa).

Mas as questões religiosas podem ser razoáveis e importantes. Aqui vai um exemplo: Eu repetidamente apresentei a questão: “Deus é real ou imaginário?” O naturalismo evolucionista classifica Deus entre os produtos subjetivos do cérebro humano, e assim, entre os produtos da própria evolução. Contudo, se Deus é verdadeiramente real e é o nosso criador, então impor uma definição de conhecimento baseada na suposição de que SOMENTE a natureza é real, e que Deus só existe no imaginário humano seria um grande erro. Certamente é racional, para as pessoas que acreditam que Deus é ou pode ser o criador, desafiar os que insistem que venhamos a aceitar que uma natureza nãointeligente fez todo o trabalho de criação. É racional argumentar que, ao invés disso, deveríamos analisar a evidência de forma imparcial, com o objetivo de chegar à verdade, mesmo que seja necessário haver um criador, para criar todas as maravilhas do mundo dos seres vivos. Se o mecanismo Darwiniano ou algum outro tipo de combinação de lei e acaso não é capaz de criar a informação necessária, então deveríamos reconhecer sua incapacidade e passarmos a considerar outras opções. O que nós não deveríamos fazer é apegar-nos a uma resposta inadequada porque temos medo de reconhecer que a incapacidade dela tenderá a nos levar em direção a Deus.

O objetivo do MDI é alcançar uma filosofia aberta da ciência que permite a consideração de uaisquer explicações em direção às quais a evidência pode estar apontando. Isto é diferente da filosofia restritiva atual que desconsidera a possibilidade de um criador poder ser o responsável pela nossa existência, mesmo se a evidência aponta nessa direção. O MDI, caso tenha sucesso ou não, contribuiu para um melhor entendimento da realidade. Ele tenta trazer à tona a questão fundamental da criação, ao visivelmente tornar o naturalismo evolucionista em um assunto de investigação crítica baseada nas evidências, ao invés de permitir que ele domine a priori como a posição filosófica inquestionável a qual a ciência deve aderir por definição. Por enquanto, os mandarins que falam pela ciência têm o apoio das cortes e da mídia em sua campanha de excluir quaisquer desafios contra a sua premissa básica da educação pública e exame científico.

Embora o dogma naturalista tenha dominado a educação pública por meio século, seus mandarins falharam em convencer o público americano a adotá-lo, e eu vejo muitos sinais de que o descontentamento com o naturalismo evolucionista está se espalhando através do mundo. Um esses sinais são os muitos idiomas para os quais alguns de meus livros já foram traduzidos, incluído o Francês, Espanhol, Português, Coreano, Chinês, Tcheco, Finlandês e Macedônio. Eu regularmente recebo perguntas até mesmo de pessoas das nações mais secularizadas do mundo, demonstrando ceticismo em relação ao naturalismo evolucionista. Nitidamente, os relatos sobre a morte de Deus foram muito exagerados. Com o crescimento mundial da religião teísta, especialmente em regiões onde a taxa de nascimentos está crescendo ao invés de diminuir, é somente uma questão de tempo até que o argumento a favor de um designer inteligente adentre as discussões científicas e acadêmicas.

Outro sinal precoce da forma como o mundo está se direcionando veio em Dezembro de 2004, quando houve muitos comentários nos jornais e grupos de discussão da internet sobre o famoso filósofo ateísta Anthony Flew. Flew tinha acabado de anunciar que havia se convertido ao teísmo filosófico (embora não ao Cristianismo ou qualquer outra religião específica, pelo menos até agora), com base nas descobertas científicas e o raciocínio associado, que o convenceram de que há um designer inteligente do universo natural. Flew parece ter investigado o fenômeno do design no mundo natural por razões semelhantes às minhas. Ele queria decidir por si só, se as evidências e a lógica apontam na direção de uma inteligência criadora, ou se Deus é nada mais que uma idéia subjetiva, criada pela imaginação humana. Talvez estas questões sobre a realidade de Deus sejam de natureza religiosa, mas elas são importantes e merecem ser investigadas sem preconceitos ao invés de se proibir seu exame porque grupos poderosos definem ciência como comprometimento a priori com o naturalismo.

Embora Flew por enquanto não tenha aderido ao Cristianismo ou a qualquer outra religião, ele deu um salto gigante nessa direção. Em um artigo no London Independent de 27/12/2004, um teólogo de Oxford escreveu: “A que tipo de Deus (i.e., o designer de Flew) ele poderia estar se referindo? Seria um que criou as partículas elementares do universo, as forças fraca e forte, os átomos e as moléculas, e que, contudo, não esteja relacionado com o surgimento de uma humanidade inteligente? Ou poderia ser um Deus que foi inteligente o bastante para criar as galáxias, e sistemas incrivelmente intricados como o DNA, e, contudo, não inteligente o bastante para se comunicar com a humanidade? Embora Flew não acredite na Revelação, e possa não sentir que o livro de Gênesis propicie um relato útil da criação, ele também não parece ter exatamente este tipo de Deus minimalista em mente. Na verdade, quando pressionado sobre se a sua ‘Causa Primeira’ é onisciente, ele admite que uma Causa Primeira, se há uma, claramente produziu tudo o que está acontecendo, e isto implica que ‘no princípio’ houve uma criação.”

Eu concordo com este ponto, e a minha visão pessoal é que eu identifico o designer da vida como o Deus da Bíblia, embora a teoria do design inteligente, da forma que é, não exija isso. Os materialistas científicos resistem de forma impetuosa à análise sobre a existência de um designer do que vemos na natureza, em parte porque eles temem que mesmo a versão mais minimalista de uma divindade tenderá a ser entendida como o Deus da Bíblia, que se comunica com os humanos e se preocupa com o nosso comportamento. Talvez este medo seja justificado, mas e daí? Nós devemos considerar a possibilidade de que o Cosmos é governado por um Deus que se importa conosco, ao invés de proibi-la como uma idéia da qual deveríamos fugir.

O fato das autoridades Darwinistas acharem que o exame público de sua teoria é tão ameaçador me diz que há uma insegurança oculta em sua posição intelectual que irá eventualmente se tornar tão visível ao ponto de não mais poder ser escondida. Hoje em dia eu raramente vejo tentativas de se provar que o mecanismo Darwinista realmente tem o poder de criar as grandes inovações biológicas. Ao invés disso, os museus e revistas preferem apenas contar a estória da descendência comum, assumindo que a variação aleatória mais a seleção natural (reprodução diferencial) devem ter sido capazes de preparar qualquer design que tivesse de ser feito. Ao mesmo tempo, a maioria dos cientistas, embora guiados pelas suposições Darwinistas, continua fornecendo cada vez mais evidências do enorme conteúdo informacional das estruturas vivas.

Até mesmo a suposição chave de que as similaridades genéticas são necessariamente herdadas de ancestrais comuns é negada quase diariamente pela invocação de algo chamado “transferência gênica lateral”, que explica as similaridades genéticas entre organismos que se acredita não compartilharem um ancestral comum. Atualmente, as regras autoritárias banem a hipótese do design inteligente das discussões científicas e a suprimem impetuosamente via processos judiciais. Uma cultura científica genuinamente confiável, que estivesse progredindo continuamente, confirmando suas teorias e resolvendo problemas não precisaria depender da intimidação para silenciar os dissidentes. Podem ainda ser precisos muitos anos de luta antes da hipótese do design real na biologia ser capaz de receber uma audiência justa, mas o dia desta audiência vai chegar, e eventualmente as pessoas irão se indagar sobre como uma teoria materialista tão instável como o Darwinismo foi capaz de cativar tantas mentes por tanto tempo.

Em meio a toda esta controvérsia, que futuro há para o conceito do design inteligente na ciência? O desafio do MDI ao naturalismo evolucionista está pelo menos sendo notado em todos os lugares, e parece que esse desafio deixou os líderes da elite Darwinista tão preocupados que eles julgam ser necessário tomar medidas visivelmente cruéis para manter o seu controle sobre o público e a discussão profissional. Dados de pesquisas de opinião reunidos ao longo de várias décadas e publicados em ligação com as eleições de 2004 convenceram quase todo mundo de que a maioria dos americanos é cética sobre o naturalismo evolucionista. Isto permanece verdade, apesar de meio século de esforços obstinados por parte dos educadores das áreas das ciências a fim de persuadi-los a aceitar a versão atual da teoria de Darwin e sua suposição de que o processo criativo que produziu os seres humanos e todas as outras formas de vida envolveu apenas causas não-inteligentes, como o acaso e leis da física, sem nenhum direcionamento ou inteligência. Para muitos americanos, essa teoria parece muito com uma religião. Cada vez mais o Darwinismo é protegido pela intimidação e restrições legais muito semelhantes àquelas que seriam empregadas para proteger as doutrinas fundamentais de uma igreja estabelecida. É claro que os Darwinistas acreditam sinceramente que a teoria deles está correta. É nisso que os defensores de uma crença estabelecida sempre crêem.

Porém, o mundo está se movendo em algumas direções surpreendentes, e talvez o mais importante sobre o Darwinismo e a sua filosofia associada do naturalismo evolucionista não seja a posição de dominância cultural que ele ocupa, mas sim o número muito grande de pessoas, incluindo algumas muito bem instruídas, que ainda vêem que a explicação Darwiniana da vida omite algo de importância fundamental, mais especificamente, a inteligência que torna possível a vida da forma como a conhecemos. No fim das contas, a única questão importante não é sobre quão numerosas ou poderosas são as pessoas que sustentam certa posição agora, mas sim sobre quem está certo sobre o que é verdade e o que não é. Se os naturalistas evolucionistas estão certos sobre as causas não-inteligentes terem produzido toda a diversidade de formas de vida complexas que conhecemos, sem a assistência de uma inteligência, então certamente nossos cientistas, muito obstinados e inteligentes, encontrarão uma demonstração mais convincente do processo e do mecanismo, do que variações cíclicas nos bicos de uma espécie de tentilhão. Por outro lado, se mais investigações tenderem a confirmar que a vida requer quantidades extraordinárias de informação genética complexa e especificada, então, eventualmente, o problema não resolvido acerca de onde toda a informação veio irá tomar o seu lugar na vanguarda das discussões científicas e filosóficas.

Eu ainda estou convencido de que o possível papel das causas inteligentes na história da vida irá eventualmente se tornar um assunto que os cientistas mais proeminentes desejarão abordar de forma justa. Por enquanto as organizações científicas influentes estão comprometidas de forma apaixonada com as explicações que só levam em consideração as causas materiais, então eles rejeitam de imediato qualquer sugestão de que causas inteligentes também podem ter tido algum papel. Parece que o compromisso principal deles é o apoio ao materialismo, ao invés de seguir as evidências em direção a qualquer conclusão que elas levarem.