sábado, 13 de dezembro de 2014

Adjetivando a teoria do desenho inteligente

Desde que surgiu o movimento do Desenho Inteligente no Brasil, passou-se a adjetivá-lo de várias maneiras, por exemplo: neocriacionistasdistasdiistas, ou proponentes do design inteligente. No que concerne às qualificações para o próprio movimento em si, tivemos, entre outros: neocriacionismonovo criacionismo, criacionismo disfarçado ou simplesmente Movimento do Design Inteligente.
A seguir faremos brevíssimos comentários sobre cada um desses termos, especialmente em seus aspectos línguísticos, apresentando exemplos extraídos da Internet. Vejamos...

DISTAS - Termo originado a partir da sigla D.I. (Design Inteligente). Exemplo de uso extraído da Internet: “Mas o pior é que os criacionistas não contam aos seus adeptos pouco letrados que não basta alguém refutar a Teoria da Evolução, isso não comprova o criacionismo. Esse é o ponto que criacionistas e DIstas não conseguem admitir."
Embora faça sentido linguisticamente (PT=petistas, PP=pepistas, PMDB= PMDBistas etc.), o adjetivo apresenta alguns problemas. Por exemplo, se dizemos “dista” para aquele que defende o movimento, necessariamente deveríamos dizer “dismo” para o próprio movimento em si, o que sonoramente soaria de maneira muito estranha, levando em conta que, em português, temos a palavra "dízimo" (“a décima parte”). Ademais, há também na Língua Portuguesa o verbo distar (do latim: distare: ser ou estar distante; diferençar-se, divergir; ficar longe, muito abaixo, em plano de nítida inferioridade; ser visivelmente inferior). Daí á conjugação: eu disto, tu dista, ele dista, e por aí vai.

DIISTA - Trata-se do mesmo caso anterior, porém mais coerente com o emprego do sufixo “ismo”. Exemplo de uso extraído da internet: “Os DIistas fazem uma afirmação que apregoam como verdadeiramente original, uma afirmação que se tem tornado bastante popular. É a ideia de que os organismos revelam algumas adaptações que não poderiam ser originadas pela selecção natural, implicando, por conseguinte, a necessidade de uma força criadora sobrenatural tal como um autor inteligente.”
Quanto às dificuldades de sua utilização, embora neste caso haja o acréscimo de uma letra “i”, sonoramente apresenta o mesmo problema do termo anterior. Ambos os termos tem ainda contra si o fato de não poderem abarcar a totalidade da expressão “Teoria do Desenho Inteligente”.

PROPONENTES DO DESENHO INTELIGENTE - Em relação a “proponente” (do latim proponente), trata-se de um substantivo de dois gêneros, que significa aquele que propõe. Ao pé da letra, portanto, quem propõe alguma coisa, é necessariamente um proponente. Para esta finalidade, portanto, não especifica nada. Ademais, tem seu uso dificultado por se tratar de uma expressão longa. Exemplo extraído da Internet: “As evidências analisadas pelo juiz incluíam o livro didático “Of Pandas and People” ligado ao Discovery Institute, que continha reaproveitamento de parágrafos inteiros de publicações criacionistas anteriores. Uma análise até mostrou que alguém de fato substituiu “criacionistas” por “proponentes do design inteligente” às pressas no texto para tentar mascará-lo como se fosse científico.”

NEOCRIACIONISMO - Ao pé da letra, “neocriacionismo”, com o elemento de composição “neo” (novo, moderno: neolatino, neologia, neocatolicismo etc.) seria o mesmo que “novo criacionismo”. Na prática, porém, o termo não faz o menor sentido, uma vez que inexiste uma relação entre as propostas do Criacionismo com aquelas defendidas pela Teoria do Desenho Inteligente. O Tedeísmo está para o Criacionismo assim como o Darwinismo está para o ateísmo. Exemplo extraído da Internet: “Uma das estratégias do Neocriacionismo atualmente é de atuar em certas escolas privadas, divulgando esta doutrina através de fascículos que nos chegam via Texas.”

NOVO CRIACIONISMO - Da mesma forma que o termo anterior, a expressão “novo criacionismo” só tem uma finalidade: depreciar as propostas científicas e filosóficas da Teoria do Desenho Inteligente. Isso explica pelas quais o seu uso dá-se apenas entre darwinistas ou oponentes da nova teoria. Exemplo extraído da Internet: “O que nos interessa é mostrar que esse novo criacionismo não irá eliminar o antigo, mas poderá estar em maior evidência, e nesse caso, trata-se de uma curiosa inversão total de conceitos.”

CRIACIONISMO DISFARÇADO - Outra tentativa de se imputar à Teoria do Desenho Inteligente características de religião sob uma “nova roupagem”. É nítido o seu emprego por partes daqueles que não aceitam as novas idéias como científicas. Exemplo extraído da Internet: “Nos dois simpósios anteriores, abrimos espaço para as pessoas conhecerem o que vem a ser o Design Inteligente. Em 2010, o objetivo é trazer à tona a crítica mais comum que se faz ao DI, que é a de denominá-lo de “criacionismo disfarçado.”

MOVIMENTO DO DESIGN INTELIGENTE - Trata-se de uma expressão legítima, uma vez que linguisticamente designa uma “série de atividades organizadas por pessoas que trabalham em conjunto para alcançar determinado fim”, como em: Movimento em prol dos flagelados da seca do Nordeste. Todavia, ninguém diz, por exemplo, “Movimento da Evolução”, mas, evolucionistas. Exemplo extraído da Internet: “O movimento do design inteligente é uma campanha religiosa neocriacionista que clama por amplas mudanças sociais, acadêmicas e políticas, derivadas a partir de conceitos do design inteligente.”
Já em relação à substituição de “design” por “desenho” trata-se de uma adequação linguística ao vernáculo português, da mesma forma como fizeram os espanhóis: Teoría del Diseño Inteligente.

Resta-nos, portanto, como a melhor alternativa, o neologismo português TEDEÍSTA.

Como explicado anteriormente, trata-se de um adjetivo formado a partir da sigla T.D.I. (Teoria do Desenho Inteligente). Ou seja:  (a letra “t”) +  (a letra “d”) + I (a 9ª letra do nosso alfabeto) + sufixo nominal ista. Ou seja: TeDeIsta (tedeísta). No que se refere ao processo de formação de palavras do idioma português, este adjetivo enquadra-se perfeitamente aos seus padrões linguísticos Entre muitos outros exemplos, podemos citar ainda a sigla FFLCH, que deu origem à “fefeléche” (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas). Em relação ao substantivo, por este mesmo processo temos Tedeísmo, com o acréscimo do sufixo grego “ismo” (ismós). Exemplo extraído da Internet: “Tedeísmo não fundamenta suas teses em livros considerados sagrados, nem objetiva divulgar qualquer que seja a crença religiosa.”


É isso!

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