“Se o gradualismo é mais um produto do
pensamento ocidental do que um fato da natureza, não seria então razoável
considerar filosofias alternativas de mudança para ampliar o nosso universo de
preconceitos constrangedores?”
Stephan Jay Gould,
em “O Polegar do Panda”
Não obstante esta
contundente crítica de Gould ao gradualismo rígido e estrito do neodarwinista,
é bom deixar claro que este paleontólogo em nenhum momento negou a existência
da evolução! O que ele negou e sempre criticou foi o mito gradualista da teoria
sintética darwinista, que afirma ter havido uma exclusividade na transformação
lenta e gradual das espécies, através do mecanismo de seleção natural agindo
sobre os genes.
Mas, o que teria
levado Gould a se tornar um dos principais oponentes do gradualismo
neodarwinista, tecendo duras críticas ao que ele denominou de “mais um produto
do pensamento ocidental”?
A resposta é
simples, e pode ser resumida no fato de que o neodarwinismo simplesmente não
consegue explicar as lacunas que aparecem no registro fóssil. Sim, porque se a
vida evoluiu de maneira estritamente gradual, ou seja, lentamente em um longo
espaço de tempo, então seria de se esperar que se encontrasse no registro
fóssil a lenta transformação das espécies, as quais certamente seriam de algum
modo semelhantes com as espécies das quais descenderam, e, igualmente, com as
espécies que originaram, o que inequivocamente forneceria um registro gradual
das criaturas transicionais. Todavia, eis o escandaloso FATO: não há registros
de criaturas transicionais.
Sobre isto, comenta
Anderson Barbosa Felizardo, em sua dissertação denominada “Críticas Atuais ao
Neodarwinismo: A Ampliação da Janela Explicativa da Teoria Evolutiva
Contemporânea”:
“Essa questão levanta a polêmica de que a
maior parte das evidências fósseis encontradas até agora negam a transformação
gradual de um organismo em outro - o gradualismo evolutivo defendido pela
teoria sintética e que é um dos pilares dessa teoria - pois não existem dados
paleontológicos que permitam observar a evolução gradual das espécies. O que a
nova interpretação dos fósseis nos mostra, pelo contrário, é a transformação
súbita de umas espécies em outras”.
Cientes deste grave
dilema darwinista, Gould e Eldredge propuseram uma alternativa, a que deram o
nome de “Equilíbrio Pontuado”:
“A tese de Gould e Eldredge é a de que as
espécies estão em equilíbrio ao longo de sua existência, porém este equilíbrio
aparece pontuado por Períodos rápidos de especiação (êxtase), quer dizer,
formação rápida de novas espécies em pequenas povoações marginais, forçadas
pela necessidade de sobrevivência, a se transformar. É nestes períodos que se
acumulam a maior parte das mudanças evolutivas. É o que Gould chama de evolução
aos saltos, exatamente o oposto do que defende a teoria sintética com sua
perspectiva gradualista.
A aparição súbita de novas estruturas fósseis reflete o
fato de que sua formação acontece através de períodos de explosão evolutiva,
depois dos quais as espécies sofrerão poucas transformações durante milhões de
anos. É o que sustenta o equilíbrio pontuado: após uma existência de vários
milhões de anos em equilíbrio uma espécie deixa de existir repentinamente, sem
transição aparente, e cede seu lugar para uma nova espécie com características
nitidamente diferentes. Em outras palavras, períodos de equilíbrio evolutivo
são entrecortados por períodos de especiações rápidas” (Felizardo,
2005).
Porém, um grande problema da tese de Gould e Eldredge, é que ela não consegue uma explicação factual para os mecanismos de complexidade irredutíveis encontrados nas “máquinas biológicas”. Com essa finalidade surgiu uma alternativa mais convincente e plausível, denominada Teoria de Desenho Inteligente (Tedeísmo), proposta inicialmente por Michale Behe e William A. Dembski:
"No passado pensava-se que a base da vida era
extraordinariamente simples. Essa ideia foi demolida. Verificou-se que a visão,
os movimentos e outras funções biológicas não são menos sofisticados do que
câmeras de televisão e automóveis. Embora a ciência tenha feito enormes
progressos na compreensão de como funciona a química da vida, a sofisticação e
a complexidade dos sistemas biológicos no nível molecular paralisaram suas
tentativas de explicar as origens dos mesmos.
Não houve virtualmente tentativa alguma da ciência de
explicar a origem de sistemas biomoleculares específicos, complexos, e muito
menos qualquer progresso nesse sentido. Muitos cientistas afirmaram
corajosamente que já têm tais explicações, ou que as terão mais cedo ou mais
tarde, mas nenhum apoio para essas alegações pode ser encontrado na literatura
científica. Mais importante ainda, há razões irresistíveis — baseadas na
própria estrutura dos sistemas — para se pensar que uma explicação darwiniana
dos mecanismos da vida será para sempre enganosa” (Michael Behe: A
Caixa Preta de Darwin, Zahar, 1997).
É isso!
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