sábado, 13 de dezembro de 2014

Design, Desenho ou Planejamento Inteligente?

Bem. É sabido que todas as línguas do mundo sofrem influências de outras línguas. No português isso não é diferente. São abundantes as palavras e expressões estrangeiras presentes em nosso idioma. Algumas por puro modismo. Por exemplo: menu (em vez de cardápio), corner (por escanteio), back (no lugar de zagueiro ou beque), enquete (em substituição a pesquisa), premier (em vez primeiro-ministro), teens (por adolescentes) etc. Outras, entretanto, são indispensáveis, por não haver equivalentes em nosso vernáculo. Por exemplo: dumping, rush, iceberg, pizza, hippie etc. Há também algumas palavras que já foram aportuguesadas e incorporadas à língua de Camões, tais como: abajur, bife, clube, futebol, judô, lanche, tênis etc.

Para os gramáticos, os empréstimos linguísticos só fazem sentido quando não houver palavras para substituí-los. Quando usados por mero subdesenvolvimento ou colonialismo cultural, são completamente desnecessários e inúteis.
A partir disso e levando em conta os aspectos puramente linguísticos, qual seria o termo mais adequado aos padrões da Língua Portuguesa para traduzir a nova Teoria: Teoria do Design Inteligente, Teoria do Desenho Inteligente ou Teoria do Planejamento Inteligente?
Para início de conversa, faz-se necessário realçar que tal expressão é oriunda da língua inglesa: Theory of Intelligent Design. O termo inglês design, traduzido ao pé da letra para o português, fica mais próximo de planejamento (ou projeto). A Editora Zahar, que traduziu e publicou o famoso livro de Behe (“A Caixa Preta de Darwin”) para a Língua Portuguesa, fez uso exatamente do primeiro termo (planejamento), e não do design ou desenho. Exemplos: “O elefante é rotulado de "planejamento inteligente". Para uma pessoa que não se sente obrigada a restringir sua busca a causas não-inteligentes, a conclusão óbvia é que muitos sistemas bioquímicos foram planejados” (p. 195) / “Por falar nisso, se você encon trasse, no meio de uma floresta, flores que formassem claramente o nome "lehigh", não teria dúvidas de que a organização delas era resultado de planejamento inteligente” (p. 197). / “O planejamento inteligente de sistemas bioquímicos é, na realidade, muito comum nestes dias” (p. 203). / “A ideia de planejamento inteligente também é uma ideia simples, fecunda, óbvia, que foi desviada de seu caminho pela concorrência e contaminação de ideias estranhas” (p. 212) etc.
Não vingou, porém, a palavra planejamento. A forma inglesa design, por sua vez, encontrou no Brasil terreno fértil (o brasileiro adora os termos estrangeiros), sendo o mais frequentativo o seu uso na mídia de um modo geral. Na verdade, a palavara design já é de uso comum em nossa lingua, e designa “a concepção física, formal e funcional de um produto”. Por exemplo: Design gráfico, que é o conjunto de conceitos estéticos, técnicas e processos usados na criação e desenvolvimento de representações visuais de ideias, mensagens, entidades etc., por meio de textos, vinhetas impressas, de cinema ou de televisão, logotipos, signos, publicações impressas etc. (Aulete).

Os franceses, os italianos e os espanhóis rejeitaram anglicizar tal vocábulo. Os franceses escrevem naturalmente dessein intelligent; os italianos: disegno intelligente (ou progetto intelligente); os espanhóis: diseño inteligente e por aí vai.
Um dos argumentos a favor do  emprego do termo design recai sobre a questão do “uso”, que realmente é importante. Creio que ninguém nos dias atuais, por amor ao purismo, diria “toucador” em vez de “toalete”. Contudo, ainda não há um consenso (na literatura que versa sobre o assunto) pelo emprego do termo inglês. Daí ser mais razoável a opção pelo termo próprio do nosso idioma (Desenho), que é perfeitamente adequado ao que propõe a Teoria.

É isso!

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