quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Se há um plano, quem o planejou?

O Tedeísmo (Teoria do Desenho Inteligente) em nenhum instante teoriza acerca da natureza de um planejador, nem faz qualquer tipo de especulação concernente ao seu nome ou atributos. Em vez disso, apenas testifica se é possível ou não detectar um plano (desenho – design) na natureza, pois, como escreve Michael Behe:

Para se deduzir que houve um plano não é preciso ter um candidato para o papel de planejador. Podemos chegar à conclusão de que um sistema foi planejado pelo simples exame do mesmo, e podemos ter muito mais certeza sobre o planejamento em si do que sobre o planejador. Em vários dos exemplos dados acima, a identidade do planejador não era óbvia. Não temos ideia de quem arrumou a engenhoca no pátio de sucata, ou a armadilha de gavinhas, ou por quê. Não obstante, sabemos que todas essas coisas foram planejadas por causa da organização de componentes independentes para atingir certo fim. A inferência de que houve um plano pode ser feita com bastante segurança, mesmo que o planejador seja figura muito remota.”
[...]
É possível concluir que alguma coisa foi planejada sem que saibamos absolutamente a identidade de quem a planejou. No que diz respeito ao procedimento, o plano primeiro precisa ser compreendido para que se possa fazer alguma outra pergunta sobre o planejador. A dedução de que algo foi planejado pode ser mantida com toda firmeza possível neste mundo, mesmo que não se saiba nada sobre o planejador” (“A Caixa Preta de Darwin”. Zahar Editor, 1996, p. 199).

Em outras palavras, no Tedeísmo a posição religiosa de seus proponentes NÃO tem qualquer relevância para a manutenção do seu status epistêmico. Obviamente, como é de praxe com todas as teorias que pretendam explicar a origem do Universo e da vida, o Tedeísmo tem sim implicações filosóficas e teológicas, mas isso também se observa em outras teorias, como a Teoria do Big Bang e a própria Teoria da Evolução. Desta forma, o fato de alguém acreditar, por sua própria fé, que o planejador tenha sido o Deus da Bíblia ou o Alá do Alcorão, isso apenas refletirá sua crença pessoal, o que não diz absolutamente nada dos postulados do Tedeísmo. No darwinismo, por exemplo, existe determinada vertente que professa uma posição teísta, como é o caso de Francis Collins e Newton Freire-Maia, ambos declaradamente cristãos e crentes em Deus. Embora o Tedeísmo seja agnóstico quanto à natureza do planejador, isso não significa que seus proponentes não possam ter suas próprias crenças (ou descrenças).



É isso!

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