Segundo o ex-monge
dominicano, professor universitário e “darwinista de carteirinha”, Francisco
Ayala (autor de “Darwin's Gift to Science and Religion”), a evolução "é mais compatível com a crença em um Deus
pessoal do que o Design Inteligente”. Segundo ele: “Se Deus projetou os organismos, ele teria muito por que responder".
E cita, por exemplo, o fato de que pelo menos 20% das gestações acabam em
abortos espontâneos. Sendo assim, diz, caso isso fosse resultado de uma
anatomia concebida por inspiração divina, "então Deus é o maior dos aborcionistas". Faz menção também do
"sadismo" dos parasitas que devoram vorazmente seus hospedeiros para
sobreviver etc. Em relação aos mosquitos-pólvora, cujas fêmeas fertilizam seus
ovos consumindo os genitais bem como todo o resto de seus parceiros, supondo
Deus como o criador, afirma Ayala: "Ele
(Deus) seria sádico, certamente faz coisas muito estranhas e é um engenheiro
bastante incompetente".
A falácia do
“desenho imperfeito” (ou "mau desenho") é, sem sombras de dúvidas, a
crítica mais comum dos opositores do Tedeísmo. Ignorando questões vitais, como,
por exemplo, a variedade, a exuberância imaginativa, a liberdade de criação, o
gosto estético e tantas outras possibilidades, tais críticos permanecem
amarrados à sua própria compreensão do mundo e da vida, restringindo a
capacidade de um Planejador à sua própria capacidade. Para tais pessoas,
portanto, se a vida fosse resultado de um desenho (ou design) inteligente, o mundo deveria ser uma espécie de paraíso
tropical ou Shangri-la. Em outras palavras: seria aquilo que eles fariam caso
estivesse no lugar do Planejador ou "no como deveria" ser o mundo
caso eles o tivessem planejado.
Trata-se obviamente
de uma visão bastante restrita uma vez que desprezam o ponto de vista do
“Artista”. Em outras palavras, em vez de contemplarem o quadro completo,
concentram seus olhares em minúcias interpretadas subjetivamente ao próprio
modo de ver o mundo e a vida. O conceito de “perfeição” e “imperfeição” dessas
pessoas é tão diverso quanto seus próprios olhares, mas todos fitando a mesma
direção do seu mundo subjetivamente restrito. Mas, como sabiamente escreveu
Michael Behe, em “A Caixa Preta de Darwin”:
“O argumento baseado na imperfeição ignora a
possibilidade de que o planejador possa ter numerosos motivos, e, muitas vezes,
a excelência em engenharia ocupa um papel secundário. A maioria das pessoas ao
longo da história tem pensado que a vida é planejada, a despeito de doença,
morte e outras imperfeições óbvias” (p. 225).
Sim, afinal,
poderia, de maneira análoga, perguntar:
Por que certos
romances (ou filmes) não têm o fim que acreditamos ser o melhor?
Por que Machado de
Assis "matou" Capitu em vez de ter levado à sepultura o falso
Bentinho?
Por que Leonardo da
Vinci pintou Monalisa com aquele sorriso tão enigmático?
Por que a estátua
da liberdade tem 46,5
metros de altura, e não 47,6?
Enfim, não se pode
explicar a mente do “artista” no instante em que este concebe sua obra, o que
se deve e se pode fazer é tentar explicar sua “arte”, obviamente a posteriori.
É isso!
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